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25 abril 2011

Análise da música de “EU TE BUSCO”



Eu te busco, te procuro ó Deus
No silêncio tu estás

Eu te busco, toda hora espero em Ti, revela-Te a mim
Conhecer-Te eu quero mais

Senhor, te quero
Quero ouvir Tua voz
Senhor te quero mais


Quero tocar-Te
Tua face eu quero ver
Senhor te quero mais

Prosseguindo para o alvo eu vou
A coroa conquistar
Vou lutando, nada pode me impedir, eu vou Te seguir
Conhecer-Te eu quero mais



Esta é uma versão da música “In the secret”, de Andy Park. Para ser justo, não encontrei maiores dificuldades em sua forma original. A sua versão em português é que está corrompida. Os dois aspectos da versão em português que me aterei nesta análise não estão comprometendo a música em sua forma original: 1. In the stillness, You are there, teve sua versão em português: no silêncio tu estás. Uma tradução literal seria: “na quietude, tu estás”. Creio que Andy Park estava pensando em Mateus 6.6 quando escreveu essa frase em inglês. Mas a versão em português, combinada com outras frases comprometeu a letra, conforme análise abaixo. 2. I am reaching for the highest goal, That I might receive the prize, pode ser traduzido livremente: “Estou comprometido (prossigo) em alcançar o alvo maior, onde receberei o prêmio”. No entanto a versão em português compromete isto ao afirmar que eu estou lutando para conquistar (e não receber) a coroa.



Dito isto, comecemos a análise destacando um ponto positivo. O tema da busca pelo Senhor é bíblico e se encaixa perfeitamente com a exortação de que todo crente deve procurar viver constantemente em santidade: Filipenses 2:12 – Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor. Esse desenvolvimento da salvação a que Paulo se refere é a santificação. Uma vez salvo, o crente deve se envolver na batalha da fé subjugando suas vontades e desejos a quem o salvou, despindo-se do velho homem e olhando firmemente para o autor e consumador da fé (Hb. 12:12). Não há como buscar santificação sem se lançar ao conhecimento de Deus. Passemos agora a considerações problemáticas:



I. DEUS ESTÁ EM SILÊNCIO?


A frase “no silêncio tu estás”, poderia tentar expressar uma dessas duas realidades:


· Um sentimento do autor em relação a Deus. Há salmos em que o autor se refere a Deus assim: Salmo 35:23 – Acorda e desperta para me fazeres justiça, para a minha causa, Deus meu e Senhor meu. Lógico que o salmista sabia que o Senhor não dorme e nem está distraído. Mas essa era a sua forma de clamar ao Senhor por socorro. Esse era seu sentimento em relação à ação divina que parecia tardia. No entanto, ele termina o salmo com expressões de louvor a Deus, porque sua vida não está ao sabor de sentimentos, mas de convicções sobre o caráter do seu Deus.


· Um desejo de estar sozinho e em solidão para buscar a Deus. Há muitos ruídos ao nosso redor (inclusive em nosso coração) que tendem a atrapalhar nossa comunhão com Deus. Por vezes tenho que dizer ao meu coração: “Volta, minha alma, ao teu sossego” (Salmo 116.7a). Ou como Jeremias: Lamentações 3:26 – Bom é aguardar a salvação do SENHOR, e isso, em silêncio. Isto é um desafio para nós, principalmente nestes dias de inquietude e ansiedade.



No entanto, observemos essa frase à luz de seu contexto (combinada com outros termos):



Eu te busco, te procuro ó Deus
No silêncio tu estás

Eu te busco, toda hora espero em Ti, revela-Te a mim
Conhecer-Te eu quero mais

Senhor, te quero
Quero ouvir Tua voz


Deus está no silêncio tão profundo que é preciso clamar para ele se revele aos seus servos? Ou no silêncio tão intenso que não se ouve mais a sua voz? Bom, alguns podem achar que estou sendo radical aqui, mas é preciso de fato ir à raiz da teologia bíblica e perceber que há erros graves.



1. Mesmo após a queda do homem, o Senhor não permaneceu em silêncio. Pelo contrário, foi em busca do homem e lhe fez conhecer o que podemos chamar de “proto-evangelho”: Genesis 3:15 – Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.



2. Toda a criação testemunha que Deus não está no silêncio. Salmo 19:1 – Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Paulo usa da criação para destacar que Deus não está no silêncio: Atos 17:26-27 – de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação; 27 para buscarem a Deus se, porventura, tateando, o possam achar, bem que não está longe de cada um de nós. Deus sempre esteve se revelando à humanidade, mesmo que por meio de sua “revelação geral”.



3. Jesus Cristo é a revelação do Pai. Moisés, que chegou tão perto, jamais viu a Deus: Êxodo 33:20 – E acrescentou: Não me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá. O evangelista João é categórico: João 6:46 – Não que alguém tenha visto o Pai, salvo aquele que vem de Deus; este o tem visto. Mas há uma revelação maravilhosa do Pai: Jesus: João 1:18 – Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou. Jesus é a “exegese” exata do Pai. Como podemos dizer : “tua face eu quero ver” diante de versículos tão claros como estes? Ou ainda pedir para ele se revelar a mim, uma vez que Cristo é esta revelação do Pai?



Se ainda não está claro, observe Hebreus 1:1-3 – Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, 2 nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Neste versículo há uma síntese do que já afirmamos acerca do “silêncio” de Deus: Ele FALOU muitas vezes, de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas e agora pelo Filho! Nosso Deus está longe de estar no silêncio.



4. As Escrituras compreendem a revelação máxima de Deus. 2 Timóteo 3:16 – Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça. A Bíblia foi soprada da parte de Deus como sua suprema revelação. Ela é a nossa base de julgamento para todas as coisas, inclusive para supostas “revelações” diretas.



Não se pode cantar uma música que está em contradição com o Deus que fala e se releva constantemente, conforme alguns dos textos que vimos. Mas há outro erro grasso na música:



2. A COROA CONQUISTAR?



Prosseguindo para o alvo eu vou
A coroa conquistar
Vou lutando, nada pode me impedir, eu vou Te seguir




O autor da letra original (em inglês) deveria estar pensando em Filipenses 3:12b e 14 para compor o primeiro verso dessa estrofe, principalmente o v.14 – mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. 14 prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Mas o autor da versão em português se desviou do sentido bíblico. Paulo não está falando de uma conquista que ele obterá por seu esforço. Ele está falando de objetividade de vida. A ênfase não está na conquista, mas em se prosseguir para o alvo, em contraste com os que se atém à vida deste mundo, conforme o contexto: Filipenses 3:19 – O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas. Paulo está prosseguindo para, no fim, conquistar aquilo que foi dado a ele por meio de Cristo: o prêmio.



Entretanto, o problema maior está na “conquista da coroa”. Da maneira como essa estrofe foi composta, Paulo está prosseguindo para conquistar a coroa. Alguém que tem conhecimento das Escrituras pode até entender o que o autor da versão está querendo dizer, mas num mundo onde o humanismo tem renascido, onde a soberania de Deus tem sido banida e onde o arminianismo tem sido a corrente teológica dominante, chega-se facilmente à conclusão que essa conquista dependerá de meus esforços!



Quando as Escrituras mencionam uma “coroa” como sinônimo de prêmio final de salvação, fazem-na de maneira passiva, ou seja, mostrando o homem a recebendo e não a conquistando. Observe os textos abaixo, de autores diferentes:


· 2 Timóteo 4:8 – Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.


· Tiago 1:12 – Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam.


· 1 Pedro 5:4 – Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória.



Concluindo...



1. Na primeira parte da música o autor afirma que Deus está no silêncio e que ele deseja que ele se revele e diz ainda querer ouvir sua voz. Ora, como afirmamos várias vezes, Deus já tem sua voz revelada de maneira objetiva por meio da Palavra. Cantar isto é, no mínimo, um descuido teológico.



2. Talvez o autor da versão portuguesa veja no “silêncio de Deus” um desejo por uma “revelação divina direta” (extática). Infelizmente isto é muito mais comum do que se imagina. Certa ocasião, meu pai (que também é pastor) admoestou um rapaz que batia a cabeça contra a parede e gritava: “Fala comigo, Senhor! Fala comigo!”. Incomodado, chegou até aquele jovem e disse: “Meu filho, leia as Escrituras. Deus falará com você!”. Deus não está no silêncio.



3. Quanto à questão da conquista da coroa, é lógico que ela não é conquistada, mas recebida das mãos daquele que a conquistou para nós. Cabe-nos prosseguir e lutar almejando recebê-la.



Ainda vejo outras dificuldades na letra, mas creio que as que foram analisadas aqui já são suficientes para afirmar que este cântico deve ser evitado. Não há como conciliar a mensagem que está sendo pregada através dele com o texto das Escrituras. Devemos cantar músicas que expressam uma teologia clara em seu conteúdo e que estejam em estreita conexão com sã doutrina. Talvez uma nova versão em português possa corrigir os erros que foram analisados.



No temor do Senhor,


Heleno Montenegro Filho

13 comentários:

Anônimo,  26 de abril de 2011 às 12:57  

Heleno,
Tenho um problema sério com músicas que tendem a colocar o homem como centro de todas as coisas... essa música é um exemplo disso: EU te busco, EU te procuro, Eu espero em ti, uma das únicas petições é para que Deus se revele a MIM, EU quero te conhecer mais, EU te quero, EU quero ver tua face, EU te quero mais, EU quero isso, EU quero aquilo...
Onde foram parar músicas como: "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama"?!! Onde está a Palavra de Deus nessas canções?
Como os crentes podem cantar isso de mãos levantadas e olhos fechados?
Apenas fechando também os olhos para a própria Palavra.
Boa análise!
Espero que muitos crentes tenham acesso a isso e decidam escolher as canções não por suas melodias, mas pelo seu conteúdo bíblico.
Bjim!

Alfredo de Souza 27 de abril de 2011 às 00:27  

Heleno, excelente análise. Se puder, gostaria que você fizesse uma análise da música "Trabalhadores" do Daniel Souza. Creio que há alguns problemas na letra.

Grande abraço.

Heleno Filho 27 de abril de 2011 às 08:38  

Lí, isso é um claro sintoma de uma época em que alguns se voltam para Deus não pelo que Ele é mas pelo que Ele dá. Você disse tudo...
Bjins!

Heleno Filho 27 de abril de 2011 às 08:44  

Duda, vou checar e analisar acuradamente a letra da música que você me pediu. Há questões que realmente passam desapercebidas que apenas um debruçar sobre a matéria é capaz de dissipar as dúvidas. Valeu pela dica e obrigado pelo comentário.
Abraços!!

Anônimo,  27 de abril de 2011 às 09:45  

Heleno,

Parabéns pelo post! Eu sempre pensei que o "silêncio" fosse referência à experiência de Elias no Monte Horebe, quando, mesmo depois do milagre do monte Carmelo, parecia que Jezabel estava prevalecendo, como se Deus fosse silente. Curiosamente, Elias vê o vento, o terremoto e o fogo, mas Deus não estava neles. Quando se ouviu um cicio tranqüilo e suave, aí Deus falou. Mesmo assim, não tem nada a ver com a corrupção que fizeram na versão em português. A Bíblia de Genebra tem uma nota interessante sobre 1Rs 19: "O silêncio de Deus não indica sua inatividade".
A letra em inglês diz: "I want to now you more" (quero te conhecer melhor), mas traduziram como "Senhor te quero", à semelhança de músicas românticas de Roberto Carlos e Erasmo.
Outra coisa: corromperam a melodia também colocando uma coisa feia e pobre no lugar da original (em vez de "ré mi fá lá mi", puseram "ré ré lá lá mi"). Lamentável.

Mais uma vez, parabéns pelo post!

Abraço!

Heleno Filho 27 de abril de 2011 às 10:08  

Charlão, esses embobrecimentos de arranjo de músicas e corrupção melódica podem ser vistos também nas versões em português das músicas da "Hosana Music". Excelente observação.

Abraços!!

Gabriela Costa 29 de abril de 2011 às 09:59  

Obrigada por fazer a análise. Ficou bem esclarecedora e foi de encontro com a reflexão que eu tive também.

Ligian, concordo com você. Esse egocentrismo das músicas é um ponto que me incomoda muito no louvor. Não tem nada a ver com o que leio na Bíblia. É fechar os olhos pra ela mesmo. As igrejas tomaram gosto por cantar músicas saturadas de sentimentalismo e pobres em verdade. Músicas vazias, egocêntricas, feitas pra vender... Com muito ritmo e efeitos mas menos de 1 centímetro de profundidade. Parece que nós estamos no trono e não Deus. Muito triste.

Abração!

Anônimo,  29 de abril de 2011 às 12:37  

Heleno,
Não tenho certeza, mas, pensando sobre, conclui que pedir pra ver a "face" de Deus também seria um erro absurdo, não?!
Bjim!

Heleno Filho 2 de maio de 2011 às 10:11  

Lí,
1. Se for usado no sentido figurado, como expressão de busca por Deus, não há problema, como afirmou o salmista: "Salmo 27:9 - Não me escondas, SENHOR, a tua face, não rejeites com ira o teu servo; tu és o meu auxílio, não me recuses, nem me desampares, ó Deus da minha salvação."
2. Ou ainda por um anseio por estar definitivamente na presença de Deus, na consumação: "Salmo 42:2 - A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus?"

Mas se o autor está querendo ver a face de Deus literalmente, o próprio Deus adverte: "Êxodo 33:20-23 - E acrescentou: Não me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá. 21 Disse mais o SENHOR: Eis aqui um lugar junto a mim; e tu estarás sobre a penha. 22 Quando passar a minha glória, eu te porei numa fenda da penha e com a mão te cobrirei, até que eu tenha passado. 23 Depois, em tirando eu a mão, tu me verás pelas costas; mas a minha face não se verá."
Sob este último aspecto, fazer tal pedido é, de fato, um absurdo! Valeu Lí! bjins!

JB 20 de junho de 2011 às 10:13  

Esse cântico é sempre uma complicação na minha cabeça. Às vezes consigo cantá-lo, às vezes não. Os argumentos da análise foram ótimos. Fico triste em saber que a versão estragou um cântico bonito.

Mas parece haver um julgamento de valor que pode acabar sendo tendencioso no caso do "ver a face".
Digo isso porque já fiz isso diversas vezes: analisei duramente o cântico, parei de cantar na igreja, mas depois lendo um salmo vejo expressões semelhantes sendo usadas pelo salmista. Aí fico com uma sisuda cara de bobo.
Vejo que o Sr. pode ter caído no mesmo erro que eu naquele momento porque no texto sobre existencialismo o Sr. diz que em certo salmo o salmista tem a intenção de declarar que o SENHOR está dormindo e o Sr. entende que é de forma figurativa. Porém nesse cântico, quando o compositor da versão diz que quer ver a face do SENHOR, na sua opinião ele está sendo terminantemente literal. Isso soa um pouco incoerente na minha opinião.

Infelizmente, o "errar para mais" nesse caso pode abrir as portas para o fundamentalismo que é tão pecado quanto cantar a Deus sem pensar.

Mauro Cesar,  21 de junho de 2011 às 08:58  

Heleno,
Realmente, excelente comentário. Só temos que considerar algumas coisas, pois se formos deduzir "o que o autor quis dizer" com determinadas expressões, sem saber diretamente do autor qual foi sua intenção dizendo aquilo, corremos o risco de incorrermos também nós, intérpretes da interpretação do autor. Diante disso, só gostaria de dizer que sua interpretação é válida, mas pode não condizer com o que o autor quis dizer. Infelizmente a música dá essa possibilidade de duplas interpretações, mas se formos pensar assim, podemos encontrar interpretações em todos os cânticos (digo todos mesmo, sem excessão) que podem ir de encontro com a Palavra de Deus.
Em sua postagem, você não cogitou que o autor talvez quis dizer que Deus pode ser encontrado em todos os lugares (pela sua onipresença), e às vezes o crente, por não ouvir a voz de Deus (expressa nas escrituras, mas até por muitas vezes não ter o hábito de lê-la)não pode se esquecer que Deus se faz presente até no silêncio (ou quando não o buscamos), e não "em silêncio", que seria o termo mais apropriado para dizer que Ele estaria calado (em silêncio, e não no silêncio), pois "se faço minha cama no mais profundo abismo, ou me detenho nas profundezas dos mares, la Tu estás" (Salmos 139).
Senti falta também, em sua postagem, de cogitar a possibilidade de o autor da letra traduzida querer apenas fazer uma associação entre a conquista e a coroa (ambas citadas no sua menção de Filipenses), uma vez que o texto nos mostra que Paulo expressava essa vontade de prosseguir para conquistar o alvo, e que, em 2º Timóteo temos a afirmação de que a coroa da justiça nos está reservada. Não podemos desconsiderar que os crentes passam por muitas lutas na busca desse objetivo, claro que sem méritos nenhum nas conquistas, sendo os méritos exclusivos de Deus, mas lutando, sim (as guerras são exemplos disso, pois embora as vitórias viessem e ainda vêm de Deus, os homens lutavam e, com a misericórdia e bêncai de Deus, conquistavam a vitória).
Com este comentário, não quero ignorar suas colocações, que simplesmente por existirem já nos dão a possibilidade dessa interpretação através de uma análise da música, mas apenas quero também mostrar que, tendo um diferente ponto de vista, podemos cogitar outra intenção do autor da tradução, que poderia não ir de encontro às Escrituras. Mas, meu conselho é, que tudo que façamos seja para Honra e Glória de Deus, e se nossa consciência nos acusa (e nosso relacionamento com Deus é algo muito pessoal, no processo de santificação, onde alguns estão mais avançados do que outros, o que não quer dizer que são melhores), é melhor que não façamos (ou não cantemos, ou não comamos, ou não bebamos, como o texto abaixo)
1ºCorintios 10:26-33:
"Porque a terra é do Senhor e toda a sua plenitude.
E, se algum dos infiéis vos convidar, e quiserdes ir, comei de tudo o que se puser diante de vós, sem nada perguntar, por causa da consciência.
Mas, se alguém vos disser: Isto foi sacrificado aos ídolos, não comais, por causa daquele que vos advertiu e por causa da consciência; porque a terra é do Senhor, e toda a sua plenitude.
Digo, porém, a consciência, não a tua, mas a do outro. Pois por que há de a minha liberdade ser julgada pela consciência de outrem?
E, se eu com graça participo, por que sou blasfemado naquilo por que dou graças?
Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.
Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus.
Como também eu em tudo agrado a todos, não buscando o meu próprio proveito, mas o de muitos, para que assim se possam salvar."


Fraternais abraços a todos!

Heleno Filho 22 de junho de 2011 às 10:15  

Prezado Mauro, muito obrigado pela maneira respeitosa de seu comentário. Ficou claro para mim que você é um homem de Deus sinceramente interessado no debate sadio e que visa glorificar o nome de Deus. Gostaria de responder alguns pontos de seu comentário.

1. Realmente não dá pra deduzir intenções, por isto devemos nos ater ao que está escrito. Ouvi um pregador tentando justificar a letra de uma música que dizia: “te coroamos”. Ele dizia que Cristo já está coroado, mas deveríamos cantar com o sentimento de que agora estaríamos coroando Jesus em nosso coração, uma vez que já está coroado. Bom... poderia até ser isto que o autor gostaria de dizer, mas não é o que está escrito.

2. Na questão do silêncio de Deus houve um problema de tradução. Originalmente o autor afirmou que se poderia encontrar a Deus na quietude. Eu citei inclusive o texto que acho que ele tinha em mente: Mateus 6.6.

3. Quanto à questão da coroa, há uma diferença grande entre “conquista” e “recebimento” no plano da salvação: Cristo conquista e eu recebo. Minha preocupação é que cantemos uma teologia correta e não intenções legítimas.

4. Eu interpreto os cânticos à luz da mensagem das Escrituras, sob o crivo da Confissão de Fé e os Catecismos de Westminster. Não se trata de interpretar o cântico a meu “bel prazer”, mas de verificar se sua letra condiz com a mensagem da Bíblia. Mesmo a minha interpretação das Escrituras deve estar sujeita às regras do Método Gramático-histórico (como conservador que sou) e ainda ao crivo dos Símbolos de Fé citados e não ao que eu acho ou sinto.

Mauro, minha intenção e do Pr. Charles com esse blog está longe de julgar intenções de quem quer que seja. Só o Senhor é o supremo juiz. O que queremos é alertar quanto a possíveis equívocos que venham a trazer prejuízos à igreja do Senhor Jesus.

Um forte abraço!

Heleno

Heleno Filho 22 de junho de 2011 às 10:37  

Prezado JB,

Uma irmã perguntou-me sobre a frase “ver a face de Deus”, veja o que respondi a ela alguns comentários acima:

“1. Se for usado no sentido figurado, como expressão de busca por Deus, não há problema, como afirmou o salmista: "Salmo 27:9 - Não me escondas, SENHOR, a tua face, não rejeites com ira o teu servo; tu és o meu auxílio, não me recuses, nem me desampares, ó Deus da minha salvação."
2. Ou ainda por um anseio por estar definitivamente na presença de Deus, na consumação: "Salmo 42:2 - A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus?"
MAS SE O AUTOR está querendo ver a face de Deus literalmente, o próprio Deus adverte: "Êxodo 33:20-23 - E acrescentou: Não me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá. 21 Disse mais o SENHOR: Eis aqui um lugar junto a mim; e tu estarás sobre a penha. 22 Quando passar a minha glória, eu te porei numa fenda da penha e com a mão te cobrirei, até que eu tenha passado. 23 Depois, em tirando eu a mão, tu me verás pelas costas; mas a minha face não se verá."
Sob este último aspecto, fazer tal pedido é, de fato, um absurdo!” (destaques meus)

Eu não sei onde disse isto o autor estava sendo terminantemente literal ao querer ver a face de Deus Eu disse no comentário “SE O AUTOR...”, mas coloquei antes duas possibilidades baseadas inclusive nos salmos.

Quanto à questão do “existencialismo”, este foi escrito pelo Pr. Charles e não por mim. Mesmo assim, não vi uma incoerência. Não entendi o termo “errar para mais” associado ao fundamentalismo.

Abraços!

Heleno

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