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11 maio 2016

CUIDADO COM A FUGA DA MÚSICA




"Uma fuga é uma peça de música inteiramente concebida em contraponto, e onde tudo se interliga, direta ou indiretamente, a um motivo inicial denominado sujeito; dessas ligações resulta a unidade da obra; a variedade é obtida por meio das modulações e das diversas combinações em cânone ou em imitação. As vozes parecem, então, se perseguir, ou fugir umas das outras, donde a etimologia da palavra: fuga (de "fugir"). (Lavignac, Albert. La musique et les musiciens. 11a ed. Paris: Delagrave, s.d. p.389)


J.S. Bach (1655 - 1750) foi um dos compositores que se dedicou às fugas. Suas músicas contrapontísticas figuram entre as mais belas artes concebidas pelo homem. Mas esta postagem não tratará das fugas maravilhosas de Bach, mas da fuga como um movimento da música em direção oposta ao músico. Isso é possível? Infelizmente, sim.


Tive o privilégio e a honra de tocar com muitos músicos bons. Aprendi e ainda aprendo muitas técnicas e dicas musicais com eles. De alguns me tornei “tiete”. Entretanto, quando minha mente saudosa recorre às “minhas primeiras notas ao violão”, lembro dos primeiros músicos que admirei e imitei muitas vezes. Sim, que sei de violão não aprendi de professores num curso formal. Mas isso se deu fortuitamente. Entre os meus 11 ou 12 anos de idade, eu não sabia da existência de bons professores em Manaus (infelizmente, não pude ser aluno do lendário Adelson Santos), mesmo assim me esforçava a olhar cada nota, pedir que eles cifrassem cada música (por incrível que pareça para alguns, na época não havia “crifranet” – talvez um grande bem?) e ouvir música de qualidade.


Lembro da admiração que nutria pelos músicos de minha igreja quando eu comecei a dedilhar as cordas de meu violão. Pedi-lhes algumas vezes que me ensinassem não apenas as músicas do cancioneiro da igreja mas também algumas introduções de violão que eu costumava ouvir nos Lps dos Vencedores por Cristo. Como eu fiquei feliz quando toquei a "introdução" de “Você pode ter” e “Presente século”, ambas do Lp “Tanto Amor”! E o que dizer da belíssima introdução de “A Roseira”, do Lp “De vento em Popa”? Muitos deles, pacientemente me ensinavam as posições dos dedos no braço do violão e meu sorriso se estendia à medida em que minha sonoridade se assemelhava à que estava tocando no Lp! Eu me imaginava como o próprio violonista que havia gravando no estúdio.


Infelizmente muitos desses meus heróis estão hoje divorciados da música. Alguns até sob a alegação de que se “aposentaram” porque tocar é coisa para os jovens. Pasmem! Num desses momentos de “aula” com um deles – talvez nesses ensaios de cânticos para o culto de domingo à noite – ouvi um sábio conselho de um deles: “Nunca abandone a música; se o fizer, ela o abandonará!” Infelizmente aquelas palavras se tornaram juízo sobre quem as disse. De fato a música se lançou em fuga para longe dele. E como esse amigo, me vem à memória o nome de muitos outros. Quase posso mencionar o nome deles. Parceiros de tantas cumplicidades musicais. Hoje só me resta lamentar por eles...

Agradeço a Deus pela música. Aliás, meu mano querido Stênio Marcius escreveu uma belíssima canção de gratidão à Deus pela música. Sempre faço dela minha oração. Músico ou cantor, como está o seu relacionamento com a música? Quanto ela está na sua vida? Quanto tempo tem dedicado ela? Que prazer você sente quando, por exemplo, o bojo do seu violão está pulsando em seu peito? De que maneira tem criado intimidade com a música? Não a subestime jamais! Ela sabe o quanto você a ama e o quanto tem se sacrificado por ela. Não permita que a rotina e outros afazeres o apartem da música. Não a abandone para que ela não fuja de você. Se for o caso, reconquiste-a novamente! Mantenha viva a chama do amor musical e agradeça a Deus todos os dias por esse dom!

Heleno Guedes Montenegro Filho

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