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27 outubro 2010

Análise do Hino "Contemplação" (13 do HNC)

Este hino possui uma das melodias mais belas e envolventes do Hinário Novo Cântico. O autor foi o norte-americano Robert Lowry, que nasceu na Pensilvânia em 12 de março de 1826 e morreu em Plainfield, New Jersey em 25 de novembro de 1899. Foi um proeminente pastor batista e professor de Literatura na Universidade de Lewisburg. Como músico, contribuiu bastante na hinódia batista e mundial. No entanto, sua melodia "Always Cheerful" recebeu uma versão bela, porém contendo uma informação que carece de melhor formulação.

Eis a letra:

Se nos cega o sol ardente
Quando visto em seu fulgor,
Quem contemplará Aquele
Que do sol é Criador?
Patriarcas não puderam
O seu rosto contemplar,
Nem Adão chegou a vê-lo
Antes mesmo de pecar!

Luz perante a qual é trevas
Mesmo o sol a fulgurar!
Nossos olhos pecadores
Não te podem contemplar!
Fogo em cima da arca santa,
Sarça ardente do Sinai
São figuras desta glória
Do Senhor e Eterno Pai.

Para termos nós com ele
Franca e doce comunhão,
Cristo, o Filho fez-se carne,
Fez-se nossa Redenção!
Para que na glória eterna 
O vejamos já sem véu,
Cristo padeceu a morte,
O caminho abrindo ao céu.

A poesia é de fato maravilhosa e correta, biblicamente, exceto pelas quatro últimas linhas. O texto diz que nós poderemos ver a Deus Pai face a face no céu. Isso não é verdade. Jesus declarou a respeito do Pai: "Deus é espírito" (Jo 4.24). Nós não podemos ver o pai simplesmente porque ele é Espírito, não tem corpo. A comunicação revelacional da Trindade é o Filho, o Verbo, que via de regra se manifestava corporalmente em teofanias (manifestações visíveis), como na sarça ardente, na coluna de fogo, na nuvem, na figura do Anjo do Senhor. Também sabemos da manifestação do Espírito em forma corpórea, como pomba, no batismo de Jesus, mas isso ocorreu numa situação diferente, na revelação da Trindade no início do ministério de Jesus Cristo. Ainda no Evangelho de João, vemos Jesus afirmar: "quem vê a mim, vê o Pai" (Jo 14.9). Pela afirmação de Jesus, nós veremos o Pai no Filho.


Outra frase que carece de melhor formulação é a última: "o caminho abrindo ao céu". Pela mensagem bíblica, abrir caminho é diferente de levar ao céu. Paulo disse em 1 Tessalonicenses 4.17: "Depois nós, os que ficarmos vivos seremos arrebatados juntamente com eles, nas nuvens, ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor". A igreja será arrebatada, levada ao céu. Quando alguém diz que Jesus veio abrir caminho para o céu, se esquece de que a Bíblia fala que seremos levados para lá. Jesus veio, não apra abrir caminho, mas para nos conduzir, como o pastor conduz as ovelhas. Lucas 19.10 diz: "porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido". Não meramente "tornar possível" a salvação.
Agora segue algumas possibilidades para que a letra seja reformulada:

Para termos nós com ele
Franca e doce comunhão,
Cristo, o Filho fez-se carne,
Fez-se nossa Redenção!
Para que na glória eterna 
Desfrutemos do bem do céu,
Cristo padeceu a morte,
Lá na cruz partindo o véu.

Ou quem sabe:

Para que na glória eterna 
Vejam o Pai no Filho já sem véu,
Cristo padeceu a morte,
Conduzindo a igreja ao céu.

Agora você decide: qual você acha que é a melhor opção?

Abraço!
Pr. Charles

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17 outubro 2010

Análise da Música "Reina em Mim"

Existem muitas músicas na atualidade que são completamente envolventes e de ritmo extremamente agradável. Uma vez eu estava num culto da federação de jovens do Presbitério de Santo André e a equipe de louvor começou com uma música dessas que cativa desde o primeiro acorde. A letra é essa:


Sobre toda a terra Tu és o Rei 
Sobre as montanhas e pôr do sol 
Uma coisa só meu desejo é: 
Vem reinar de novo em mim. 

Reina em mim com Teu poder 
Sobre a escuridão, sobre os sonhos meus 
Tu és o Senhor de tudo o que sou 
Vem reinar em mim, Senhor. 

Sobre o meu pensar, tudo que eu falar 
Faz-me refletir a beleza que há em Ti 
Tu és para mim mais que tudo aqui 
Vem reinar de novo em mim.



Ao ouvir a letra, me senti completamente incomodado. Depois pensei melhor no texto e entendi o porquê do desconforto. Em primeiro lugar, a música expressa uma tremenda contradição. Se Deus é o Rei sobre toda a terra, por que o autor pediu para Deus reinar nele? Outra coisa que me incomodou foi a frase "vem reinar de novo em mim". Como fica a situação de um crente sincero que tem lutado para aprender a sã doutrina por anos, freqüentando reuniões de oração, testemunhando com a vida e palavras o evangelho de Cristo, compartilhando a mensagem salvadora com os amigos e vizinhos, que canta essa frase? Então o reinado de Cristo é assim, que vai e vem para alguém pedir que ele reine de novo? Um crente não pode cantar isso. Nem um incrédulo. Um incrédulo deveria cantar "reina em mim" e não "vem reinar de novo em mim", porque ele nunca se submeteu antes ao seu senhorio. E não nos esqueçamos de que o reinado de Cristo é sobre todos. Tanto é que o texto de Filipenses 2.9-11 diz que ele recebeu o nome que está acima de todo nome para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e embaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor para a glória de Deus Pai.
A outra estrofe repete a mesma impossibilidade lógica. Para quê pedir que ele venha reinar de novo em mim, se ele já é "para mim mais que tudo aqui"? Resumindo, essa música caiu no gosto geral de boa parte do povo evangelical porque foi recebida sem a devida reflexão. Veja bem, não é nem bíblica, mas lógica mesmo. Devemos pensar cuidadosamente sobre o que cantamos, para não afirmar frases incoerentes e quase irracionais. O Senhor quer ser adorado  e cultuado de modo agradável e inteligível (Rm 12.1). Para encerrar, transcrevo as palavras de Paulo em 1 Coríntios 14.15:  "Que fazer, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento".


Pr. Charles

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11 outubro 2010

Análise da Música "Deus de Promessas"

Em 2007 ou 2008 tive a alegria de ouvir pela primeira vez a música "Deus de Promessas" do Ministério Toque no Altar. Achei a música muito bonita, mas, como sou pastor presbiteriano, subscrevente à Confissão de Fé de Westminster, não posso cantar ou ensinar uma música sem analisar a sua letra. Tenho duas considerações sobre o conteúdo da letra.
Antes de mais nada, quero fazer uma consideração sobre a "Liberdade Poética". Esta liberdade tem sido alvo de apelos quando algo da letra é questionado. Veja bem, a liberdade poética sugere que o poeta é livre para não seguir determinadas regras gramaticais. É o caso da música que diz: "inútel, a gente somos inútel", do Roger (Ultraje a Rigor). No entanto, existem limites entre a liberdade e a coerência. Posso ser livre para escrever o que eu quiser, mas precisa ter coerência ou fazer algum sentido. Recomendo a  leitura do excelente texto publicado no site Overmundo, sobre a falácia da liberdade poética:


http://www.overmundo.com.br/banco/liberdade-poetica-ou-falacia


Voltando ao ponto, quando escrevemos poemas sobre o conteúdo bíblico, a liberdade poética se torna serva da Escritura Sagrada. Então podemos escrever com liberdade para nos expressar com os recursos da poética da língua portuguesa, mas com submissão total às Escrituras Sagradas. No caso da música "Deus de Promessas", eu faria duas considerações sobre a letra, que penso não estar de conformidade com o ensino da Bíblia.
1. "És Deus de perto e não de longe": A frase dos autores pretende enfatizar o fato de que Deus está sempre perto. No entanto, a liberdade poética não nos dá liberdade para desdizer a Bíblia. O problema dessa frase é que o texto de Jeremias 23.23 diz: "Acaso, sou Deus apenas de perto, diz o SENHOR, e não também de longe?" Tendo em vista este problema, mandei um e-mail aos compositores e pedi autorização apra cantar "És Deus de perto e Deus de longe". Eles não responderam. Como "quem cala, consente", mudamos a letra e cantamos com a alteração feita.
2. "Meus olhos vão ver o impossível acontecer": Bom, depende de muitas coisas. O que eles querem dizer com isso? Levando em consideração a linha do ministério Toque no Altar (o próprio nome já indica no mínimo flerte com os movimentos de ressurreição das sombras do AT, "Levitas", "shofar", etc.), a idéia é de que milagres vão acontecer. O que é um milagre? É a ação imediata de Deus, ou providência especial ou imediata. Deus não usa de meios para realizar certas obras, dependendo exclusivamente de seu querer. Esse é o problema. Quem garante que Deus quer que os meus olhos vejam o impossível acontecer? Outra coisa, hoje em dia não é seguro o caminho que vai à busca de milagres, sinais e maravilhas. Muitos falsos mestres tentam confirmar seu ensino herético por meio de sinais e maravilhas. Alguns textos bíblicos mostram que milagres podem ocorrer segundo a eficácia de Satanás. Inclusive, é dito nas Escrituras que sinais portentosos ocorreriam nos últimos dias para seduzir as nações atrás da Besta (Ap 13). 
Não pretendo agir como cético e dizer que milagres não acontecem. Eu já vi muitos acontecerem. Creio em milagres da parte de Deus. Só não firmo a minha fé nisso, porque fé que depende de experiências para ser confirmada não é fé. É incredulidade. Tomé foi censurado pelo Senhor Jesus porque só creu quando viu. "Bem-aventurados os que não viram e creram" (Jo 20.29). Então cante sabendo que os seus olhos somente verão o impossível acontecer se o Senhor quiser.
Que esta postagem nos estimule a pensar no que cantamos. Se você é um crente confessional (se você subscreve a uma confissão de fé, a de Westminster, por exemplo, como eu), então sua responsabilidade aumenta ainda mais. Temos de ser coerentes e cantar o que cremos.


Pr. Charles

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