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27 dezembro 2012

CADA COISA EM SEU LUGAR



A música composta para homenagear


Não faz muito tempo que meu facebook “bombou” diante da opinião que emiti em relação a uma música que alguns alunos do CTMDT (Centro de Treinamento Ministerial Diante do Trono) compuseram em homenagem à cantora Ana Paula Valadão. A maneira como a melodia, harmonia e ritmo foram elaborados reproduziu fidedignamente os trejeitos das canções da homenageada. A letra da música afirma que a cantora havia sido escolhida por Deus para ser “a voz de Deus nesta nação” e “para as nações”, e que “esta geração” quer honrá-la pelo fato dela haver renunciado muita coisa para esse propósito. Não quero me ater (por hora) em interpretar o conteúdo da letra e o que estaria por trás das palavras. Minha intenção é refletir a partir de uma pergunta crítica que foi feita na ocasião da discussão: seria ilícito compor uma música em homenagem a alguém?

Não. Não é ilícito e nem pecaminoso compor uma música para homenagear um amigo, a mulher amada, a beleza da natureza ou lembrar um evento marcante. Uma das canções mais bonitas que homenageia a natureza e fala sobre a responsabilidade do homem com o planeta (que na teologia bíblica chamaríamos de “mandato cultural”) foi composta por Tom Jobim:

Forever Green
Let there be flowers
Let there be spring
We have few hours to save our dream
Let there be light
Let the bird sing
Let the forest be forever green
Little blue planet
In great need of care
Crystal clear streams
Lots of clean air
Let's save the Earth
What a wonderful thing
Let it be forever green

Imagine Mother Earth become a desert
A poison sea, a venomous lagoon
And life on Planet Earth be gone forever
And God will come and ask for planet blue
What to do
Where is the paradise
I've made for you
Where is the green
And where is the blue
Where is the house
I've made for you
Where is the forest and
Where is the sea
Where is the place good for you, good for me
Let's save the Earth
What a wonderful thing
Let the bird fly,
let the bird sing
(Let them sing Luisa)
Let it be forever evergreen
Para Sempre Verde
Deixe que haja flores
Deixe que haja uma primavera
Temos poucas horas para conservar nosso sonho
Deixe haver uma luz
Deixe os pássaros cantarem
Deixe a floresta ser para sempre verde
Pequeno planeta azul
Em grande necessidade de cuidado
Regatos cristalinos
Ar puro de cristal
Salvemos a terra
Que coisa maravilhosa
Deixem-na ser para sempre verde

Imagine a Mãe Terra transformada num deserto
Um mar de veneno, uma lagoa venenosa
E a vida no planeta terra extinta
E Deus vindo perguntar sobre o planeta azul
O que fazer?
“Onde está o paraíso que
Que eu fiz para vocês?
Onde está o verde?
E onde está o azul?
Onde está a casa que
Que eu fiz para vocês?
Onde está a floresta e
Onde está o mar?
Onde está o lugar bom para você, bom para mim?”
Salvemos a terra
Que coisa maravilhosa
Deixe os pássaros voarem,
Deixe os pássaros cantarem
(Deixe-os cantar, Luiza)
Deixe-a ser para sempre verde

Tudo bem, Tom Jobim foi um “compositor do mundo” (o que atesta a graça de Deus presente). Mas o que dizer da composição que Guilherme Kerr Neto para a sua esposa?Estações do Amor” é uma belíssima canção composta em louvor à mulher amada e gravada num CD gospel! Jorge Camargo, um dos autores da famosa canção de missões “De todas as Tribos”, compôs uma belíssima música baseada na vida e instruções de Francisco de Assis: “Fale de Amor”. Nada de errado, desde que se exaltem os atributos e feitos humanos sem confundi-los com os divinos.

Voltando à introdução desta reflexão, claro que o erro daquelas pessoas não estava na intenção em homenagear a Ana Paula Valadão. O problema foi que usaram um conteúdo teológico para honrar e exaltar as qualidades de uma pessoa numa “mistureba” perniciosa. Desta forma, a glória do Senhor foi maculada e a música expressou um hino em adoração à criatura, ferindo o primeiro mandamento. Basta ouvir de relance a composição para saber que algo está errado com ela.

Filpenses 4.8 nos instrui que: “tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.” Não é porque foi composta por um “autor gospel” que a música será boa. Tão pouco porque foi composta por um “autor secular” que a música será ruim. TUDO QUE FOR VERDADEIRO, RESPEITÁVEL, JUSTO, AMÁVEL, DE BOA FAMA, VIRTUOSO e LOUVÁVEL (ou seja, tudo o que não esteja em oposição às Escrituras) deve ser o que ocupe o nosso pensamento. Nossa mente deve estar ocupada por livros bons, músicas boas, boas conversações, bons programas de televisão e de tudo aquilo que não fira a santidade do Senhor. Não há necessidade de se ter o nome divino (ou selo de gravadora ou editora gospel) expresso e impresso para algo ser bom. Naturalmente que nem toda música boa é adequada ao culto. Mas toda música usada no culto deve ser boa em sua totalidade: "Entoai-lhe um novo cântico, tangei com arte e com júbilo." Sl 33:3. Que o Senhor nos dê o discernimento espiritual necessário para julgarmos todas as coisas à luz da sua Palavra.

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03 fevereiro 2012

Sobre Programas Evangélicos Globais

O ano passado foi, no mínimo, interessante do ponto de vista do mundo “Gospel” brasileiro. Vimos nossos cantores na mídia mais do que nunca. Não apenas o Raul Gil já havia aberto as portas de seu programa de calouros para que cantores evangélicos soltassem a voz, como também a Globo, de forma inusitada, abriu oportunidades no programa do Fausto Silva e do Luciano Hulk para o Ministério Diante do Trono. A Globo inovou com a produção de um programa de final de ano em pleno domingo que contou com a participação de cantores evangélicos.
Várias pessoas têm me perguntado sobre os prós e os contras dessas oportunidades que têm surgido. Alguns até me informaram que Ana Paula Valadão seria apresentadora de um programa global semanal. Em primeiro lugar, li uma entrevista recentemente da Ana Paula informando que ela não havia recebido qualquer proposta da Globo. No entanto, se receber, pensará com carinho na possibilidade.
Agora, deixe-me pensar em algumas coisas sobre estas novidades. Ao mesmo tempo em que elas são boas oportunidades de se propagar o nome de Cristo (leia Filipenses 1 e veja como Paulo não se esforçou para impedir que pregadores falassem por interesse comercial), fazendo  com  que alguns temas da mensagem do evangelho penetrem nos lares, nem tudo são rosas. Há alguns espinhos indesejáveis. O primeiro deles é a clara intenção da Globo de lucrar com o novo “filão” do mercado brasileiro. Há um número cada vez maior de crentes no Brasil, sejam eles reformados, confessionais, tradicionais, pentecostais ou neo-pentecostais. Você pode não apenas olhar para essa classe do ponto de vista da religião, mas também como uma fatia preciosa no mercado. Basta uma caminhada pela Rua Conde de Sarzedas em São Paulo ou na Galeria Gospel de BH (pense no polo comercial evangélico de sua cidade), e você constatará o que eu estou dizendo. São milhões de consumidores de CDs, Bíblias, livros, acessórios, roupas com dizeres bíblicos, etc. Não se engane. A Globo não está interessada em divulgar a fé evangélica. Ela está interessada no dinheiro que os evangélicos podem dar a ela pelos seus contratos de publicidade e através de seu selo musical.
Outro perigo é o da promoção da superficialidade do conhecimento bíblico. Um programa como “Caldeirão do Hulk” não permitiria espaço para uma pregação da Palavra explicando, contextualizando e aplicando o texto bíblico. Além do mais, o máximo que se consegue é dizer algo do tipo “Jesus me deu paz”, “Jesus pode te fazer feliz”, veja bem, coisas essas que os budistas diriam em relação a seu ídolo, umbandistas diriam dos orixás ou os muçulmanos diriam em relação a Alá ou Maomé. Mas existe uma diferença brutal e incomparável entre Cristo e essas figuras religiosas. Jesus é o Criador de todas as coisas (Jo 1.1-3). Ele é eterno, o filho de Deus, verdadeiro Deus (1Jo 5.20), o único mediador (2Tm 2.5), aquele que é digno da nossa adoração e louvor (1Tm 6.14-16; Jd 24,25). Sendo homem, pagou pelos pecados como representante do homem; sendo Deus, fez com que seu sacrifício fosse no lugar de muitos e, assim, satisfez perfeitamente a justiça de Deus. No entanto, por causa do formato de um programa televisivo e até por causa do pluralismo vigente na sociedade atual, nada disso poderia ser dito. Ficaríamos apenas com máximas vazias de conteúdo e cheias do vácuo doutrinário.
Outro perigo é o da análise incorreta da realidade evangelical brasileira a partir do que se vê em programas assim. Quem vê Kleber Lucas na TV cantando vai pensar que é da mesma linha que o Stênio Marcius, ou Edilson Botelho. Quem fará distinção entre a linha teológica de Priscila Barreto e Eyshila? Jorge Camargo será do mesmo perfil doutrinário que Regis Danese. Hoje em dia ninguém sabe a diferença entre Igreja Presbiteriana do Brasil e uma outra igreja presbiteriana cujo “pastor” celebre bênção matrimonial entre pessoas do mesmo sexo. Quando um escândalo envolve um pastor evangélico ou uma igreja evangélica, todas as denominações sofrem com a identificação sumária. Aliás, a moda é não pensar nas diferenças, mas sentenciar: “para mim é tudo a mesma coisa!” Eu sinceramente tenho a plena convicção de que a música cristã brasileira é muito mais que Diante do Trono, Cristina Mel, Kleber Lucas, Trazendo a Arca, Vineyard, Eyshila, Marina de Oliveira, Fernanda Brum, Aline Barros e outros da mesma linha. Esses estilos mais comerciais, e que por sinal são muito parecidos (falo como quem já teve uma produção musical taxada como não comercial), não podem representar ou resumir a música cristã brasileira. É preciso falar também de Daniel Maia, Stênio Marcius, Edilson Botelho, Jorge Camargo, João Alexandre, Guilherme Kerr, Sérgio Leoto, Gerson Borges, Nelson Bomilcar, Glauber Plaça, Diego Venâncio, Jader Gudin, Gladir Cabral, Tiago Vianna, Ivan Melo, Davi Werner, Hildemar Falcão, Índio Mesquita, Carlinhos Veiga, Expresso Luz, Hadassa (de Recife), Iclayber, Fabinho Silva, Cíntia e Sylvia, Carlos Sider, Gerson e Andréa, Cristian Peticov, Cláudio Rocha, Sérgio e Marivone, Samuel Tito... (me perdoem aqueles cujos nomes não foram citados, mas isso não importa tanto; seus nomes estão arrolados no livro da vida do Cordeiro morto antes da fundação do mundo e é isso o que importa de fato).
Concluindo esta breve reflexão, pergunto: pode ser uma coisa boa? Sim, pode, mesmo porque o que importa é que o nome de Jesus seja proclamado, como disse Paulo em Filipenses 1. No entanto, é triste ver como pessoas e instituições voltadas para o lucro fazem de tudo para conseguirem uns cascalhos, até mesmo dar espaço àquilo que tolheu por toda a história. Convenhamos: quem é que sempre divulgou o misticismo, o comportamento libertino (BBB que o diga), o catolicismo, a espiritismo, o esoterismo, o budismo e até o islamismo em uma novela, mas jamais falou a verdade sobre a igreja cristã e o povo genuinamente evangélico? (Exceto numa sequência de cinco reportagens em horário nobre). Então, não solte fogos de alegria porque alguém apareceu na Globo cantando o nome de Jesus. Antes, conheça melhor a sua Palavra e permaneça nele. Adore a Deus somente e não a ídolos fabricados para que você dependa deles para sentir-se satisfeito. Adore a Deus somente e não a ídolos evangélicos televisivos. Satisfaça-se somente em Deus e assim você dará toda a glória somente a ele. Procure conhecer não somente aquilo que vem da indústria musical, fabricado em série, baseado em pesquisas de mercado. Não seja manipulado. Ouça também quem quer te fazer pensar. Ouça a quem quer ensinar a Bíblia com profundidade, criatividade e beleza poética. Afinal, somos ou não somos inteligentes?

Pr. Charles

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