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27 março 2011

Ensina a criança no caminho que ela deve ouvir, e quando for velha...

Conviveremos com muito do que aprendemos em nossa infância pelo resto de nossas vidas. Cheiros, sabores, brigas e doces, um pouquinho de cada uma das boas e más recordações estará gravado em nossa memória. Mas há dois elementos em nós que são capazes de nos transportar mentalmente a lugares, pessoas e situações numa fração de segundos: nossas “memórias” olfativa e musical. Hoje, quando ouço a música “Eram cem ovelhas”, lembro de uma sala de estar numa casinha de madeira, com assoalhos pintados de vermelho com tinta a óleo (e encerados), uma “Eletrola” tocando um disco de vinil de Luiz de Carvalho, eu, minha irmã e meus pais nos preparando para ir à Escola Dominical. Eu devia ter uns 4 anos de idade. Mas não era só Luiz de Carvalho; também lembro de canções de Oséias de Paula, Edgar Martins, Feliciano Amaral e do grande violonista Dilermando Reis. Calma lá... não sou “dessa época”, apenas ouvia o que meus pais ouviam, e hoje posso sentar em qualquer roda de “sessentões” e fazê-los chorar lembrando dos sucessos de outrora! Eles recordam a mocidade e eu minha infância.



Foi nesse período que também aprendi a gostar de um LP (long play – disco de vinil. Desse jeito vou ter que bolar um glossário para cada post) que projetava algumas silhuetas de gente com baixo, bateria e guitarra em sua capa. Dele, ouvi “Se eu fosse contar o que de alguém ouvi...”. Depois vieram os LPs “De vento em popa” e “Louvor I”, todos do Grupo Vencedores por Cristo, além do “Situações”, do Grupo Logos, do meu querido Paulo César. Mas eu não ouvia apenas isto. Havia em casa vários discos da “Tia Noemi”, que traziam histórias bíblicas e outras boas músicas para crianças.



Sei que minhas filhas estão ouvindo muito do que eu estou. Acho que elas nasceram sabendo alguns choros do Dilermando Reis e do João Pernambuco de tanto que me ouviram treinar e tocar no violão, bem como Cds e MP3s (saímos da era do LP) de Raphael Rabello e outros violonistas maravilhosos. Mas como gostaria que elas também se lembrassem da boa música de João Alexandre, Carlinhos Veiga, Gerson Borges, Stênio Marcius, Edilson Botelho, Charles Melo, Jorge Rehder, Guilherme Kerr, Jorge Camargo, Gladir Cabral, Carlos Sider e de outros ícones da boa música que eu não canso de ouvir e tocar.



Não posso esconder que há em mim um propósito de treinar o bom gosto musical de minhas filhas. Certa vez estava aguardando o concerto de meu carro numa oficina e na casa ao lado um brega com as maiores “pornofonias” era tocado. O chocante foi ver uma criança, naquela casa, com cerca de 4 anos, brincando tranquilamente com um carrinho tendo aquele verdadeiro lixo musical sendo jogado em sua memória. O que será daquela criança?



Que nos cerquemos da boa música. Que nossas crianças aprendam a ouvir, qualificar e distinguir uma boa música. Que as ensinemos a arte da “garimpagem” musical, treinando-as a distinguir ouro e pérola de pedras comuns e lixo. Tudo isto começa com uma reflexão simples – que música tem sido tocada em minha casa? Essa memória musical jamais será apagada da mente e do coração de sua criança.

Heleno Guedes Montenegro Filho

13 comentários:

Casal 20 27 de março de 2011 às 16:02  

Heleno, esforço-me para "doutrinar" minhas filhas na excelência. Se Deus quiser, conseguiremos. Porque o que vem aí de fora, my Gosh, é muita baixaria, cultura da porcaria e do péssimo gosto. Fora que essas mazelas musicais findam por formar a mente das nossas filhas: é um instrumento de doutrinação do mundo! Religião do esgoto!

Parabéns, Heleno!

Abraços sempre afetuosos.

Charles Oliveira 28 de março de 2011 às 00:56  

Heleno,

Belo artigo. É muito simples orientarmos nossos filhos na área da música. Basta fazermos boas opções e ouvir sempre. Meus filhos ouvem o que eu ouço. É claro que há interação; eu e a Ligian acabamos ouvindo algumas coisas que eles também ouvem; é uma via de mão dupla, mas a gente acaba influenciando mais.

Abraço!

Alfredo de Souza 29 de março de 2011 às 01:11  

Aeee Grande Heleno, seja bem-vindo à blogsfera, e já começou bem!

Grande abraço.

Anônimo,  29 de março de 2011 às 15:28  

Heleno, que alegria vê-lo aqui junto com o Charles! Concordo com você e tenho uma tranquilidade em falar que meus filhos já estão sendo treinados e muito bem treinados!!
E tem gente que acha lindo de morrer criancinhas dançando e cantando "É o Tchan", "Calipso" e outras porcarias desse tipo...
Um abraço!

Heleno Filho 1 de abril de 2011 às 10:00  

Valeu, Charlão! O bom de ser pai e mãe é retornar às lembranças da infância. Essa interação nos faz também mais sensíveis e acorda a criança adormecida em cada um de nós. Quando minha filha mais velha nasceu, comprei os dois volumes do "Arca de Noé", do Vinícius. A música não envelhece e nem fica ultrapassada. Hoje elas (minhas filhas) ainda curtem muito e eu também, rs..

Abraços!

Heleno Filho 6 de abril de 2011 às 10:41  

Li, essa pornofonia toda me atordoa! Já estou pensando é no que nossos netos estarão sendo expostos! Graças a Deus estamos passando bem o bastão aos nossos filhos.

Heleno Filho 6 de abril de 2011 às 10:46  

Brigadão, Duda. De tanto você me cobrar... Aliás, você e o Charlão são amigos, né? O primeiro vinha me instigando a escrever há tempos. O outro chega a me constranger a compor músicas e ainda coloca o Blog à disposição! Brincadeiras à parte, louvo a deus pelos amigos maravilhosos que Ele tem colocado em minha vida. Abraços!

Gabriela Costa 7 de abril de 2011 às 15:48  

Nossa, me identifiquei muito com esse post. Eu devo esse meu gosto musical aos meus pais. Aqui em casa só tem cd's dessa turma boa aí que você citou e similares.
E são muitos. Alguns que nem vende mais. Meu sonho é ficar com todos eles para passar pros meus filhos. Acho que se a casa pegasse fogo ou algo assim, seria a primeira coisa que eu salvaria, hehe.

Clodoaldo Brunet 8 de abril de 2011 às 06:41  

Dizem os jovens não gostam dos hinos mais antigos porque eles são ultrapassados. Criouo-se esse preconceito dentro das nossas igrejas, de tal modo que sem qualquer análise das músicas antigas elas já são rejeitadas. Ser jovem significa viver debaixo dessa ditadura cruel, o que é bom perde seu valor por conta da antiguidade, fica proibido se quer pensar em apreciar a boa música.
Mas, tudo isso não passa de ignorãncia. Felizmente, tenho encontrado jovens que ousam pensar diferente e assim os ajudo a vencer essa realidade de preconceito. Na nossa igreja os jovens cantam os hinos do HNC sem nenhuma dificuldade e as minhas filhas uma com 8 anos e a outra com 11 já tem liberdade para desfrutar do bom gosto musical. Inclusive muitas vezes são eles que nos pedem para que cantemos determinados hinos.

Heleno Filho 8 de abril de 2011 às 10:56  

Gabi, que bom saber que seus filhos terão contato com essas relíquias! Seus pais fizeram o trabalho direitinho e sei que você também o fará. É começar desde cedo. Graças a Deus alguns têm sido remasterizados e colocados à disposição do público.
Que Deus continue te lembrando dessa grata responsabilidade em "passar o bastão" à próxima geração.

Heleno Filho 8 de abril de 2011 às 11:08  

Clodoaldo, infelizmente a secularização tem feito vítimas na igreja e esse apego pelo "novo" em detrimento ao "velho" é um sintoma disto. Mas você tocou no ponto da questão: música boa, de qualidade. Existem músicas boas e músicas ruins.

Temos que incentivar nossos filhos e a igreja a ouvir coisas boas. Como alguns não sabe exemplo de gente que tem composto coisas maravilhosas, fiz questão de mencionar alguns para dar opções. O CD "Povo da Aliança" é uma proposta da Igreja Presbiteriana a cânticos contemporâneos. Graças a Deus as opções têm aumentado. E Graças a Ele também há muitos na Sua igreja que não tem se dobrado aos apelos da secularização.

Gabriela Costa 8 de abril de 2011 às 12:05  

Clodoaldo,

Eu tenho 17 anos e o que eu mais aprecio no louvor são os cânticos mais antigos, e o hinário. Ou atuias realmente de qualidade, que já aprovados e que a igreja sabe cantar, são pucos. Sempre sou em que os peço e estou contra esses que estão na moda. Acho que nessa questão eu sou uma das, senão a mais 'radical' da minha igreja. E eu só tenho uma amiga da minha idade que concorda, mas ela não é de lá.
Quando participo desses luais que a mocidade faz eu fico perdida. Ou não canto mesmo porque são músicas muito ruins. Não é nem questão de melodia, às vezes. O fato é que essas músicas que eles tanto gostam são muito egocêntricas e só parcialmente bíblicas. Quando alguns desses meus amigos, primos da minha idade pegam meu celular pra ver as músicas, eles não conhecem nada!
É lamentável. Nós lemos algo na Bíblia e eu penso numa música que diz exatamente aquilo, sem tirar nem por, mas eles preferem uma mais emocional e superficial. Não consigo entender.

Heleno Filho 9 de abril de 2011 às 17:29  

Oi, Gabi. Excelente comentário. Muito centrado. Que Deus continue a te encher de sabedoria do alto. Não é fácil "nadar contra a correnteza". Quando tinha 12 pra 13 anos curtia o Vencedores e descobri o João Alexandre, um violonista excepcional. Então, persevere. A pouca idade só aumentará sua "quilometragem" de música boa, pois você ainda curtirá muito mais dela do que outros que hoje tem se contentado com a fragilidade de ruídos.
Abraços!

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