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01 junho 2011

O MINISTÉRIO DE MÚSICA DA IGREJA - Reflexões e Conselhos uteis a quem busca a excelência.


Em certa ocasião ouvi a pergunta: “Que qualificações espirituais um ministro de louvor deve ter?” Minha resposta: “As mesmas que se esperam de um crente verdadeiro”. Lógico que eu me fiz de desentendido. A pergunta sincera daquele irmão tinha por pressuposto que “grupos de louvor” (e principalmente os “ministros de louvor”) são formados por pessoas de uma casta superior – levitas –separados para um ministério revolucionário na Igreja. Exagero meu? Pergunte aos “ministérios” do movimento “louvor profético” e depois me diga se eu estou exagerando. Esses grupos chegam a usar chavões do tipo: “O Senhor está levantando nesses dias uma nova geração de adoradores”. Chego a lamentar pelos antigos adoradores, como meu avô, um diácono honrado que morreu servindo e adorando ao Senhor... se ele tivesse vivido um pouco mais, faria parte “da geração” de adoradores... Quanto absurdo tem sido dito nesses dias!

Estou às vésperas de completar 38 anos de idade e entrei para o grupo musical da igreja em que meu pai pastoreava com aproximadamente 11 anos. Com esse tempo de militância nesse ministério (ora como protagonista, ora como antagonista), posso afirmar que se trata de um ambiente propenso a tensões e conflitos. Ao relatar alguns exemplos disso, deixo claro que nem todos os grupos musicais de igreja possuem esses defeitos: 1. Há músicos da igreja que têm dificuldade de admitir que outro músico toque mais do que ele; ao invés de pedir para o que sabe mais possa repetir e lhe mostrar como faz, ele prefere lançar um “olhar 43” (meio de lado, já saindo, indo embora) sobre o que o outro fez, para não admitir que esteja aquém. 2. Há os que não cumprem o horário tanto para ensaiar quanto para chegar ao local do culto. 3. Você sabia que há músicos e cantores que saem do auditório da igreja na hora da pregação? Parece incrível, mas conheci alguns. 4. Infelizmente nem sempre os integrantes do grupo musical da igreja são pastoreados como deveriam ser... já soube de lideranças que não disciplinavam membros do grupo musical porque temiam ficar sem tecladista, violonista ou o vocalista. Este último ponto, claro, não é um problema inicial do grupo musical da igreja, mas uma negligência pastoral.

Ao me atrever a refletir sobre alguns problemas que já levantei e sobre outros relacionados ao Ministério de Música, o farei como integrante de um Grupo Musical, que vive seus dramas, tensões e alegrias, sem abrir mão do olhar clínico pastoral (meu ministério principal na igreja). Seguem-se alguns conselhos ao Ministério de Música como um todo, bem como a músicos e cantores particularmente:

I. Substitua o termo “grupo de louvor” por “ministério musical”, “ministério de música” ou “grupo musical”. Gosto do termo ministério apenas porque me remete a “serviço”. E minha proposta de substituir “louvor” por “musical” está no fato de que não cantamos e tocamos apenas “louvores” a Deus. O hino: “Ceifeiros da seara santa, quão pouco fraco sois, mas forte é Cristo vosso mestre, avante, avante pois”, tem por objetivo motivarmo-nos mutuamente a continuar firmes na carreira da fé, confiantes no Senhor, e não a louvar a Deus.   O “ministério musical”, assim, cuida da música na igreja, tanto a de louvor e adoração a Deus (movimento vertical) quanto a de comunhão e exortação interpessoal (movimento horizontal).

II. O Ministério de Música não é formado por levitas. Estes fizeram parte do grupo sacerdotal (Números 1:50) e a música só foi relacionada a eles num momento posterior: 1 Crônicas 15:16 – Disse Davi aos chefes dos levitas que constituíssem a seus irmãos, os cantores, para que, com instrumentos músicos, com alaúdes, harpas e címbalos se fizessem ouvir e levantassem a voz com alegria. Com vinda de Jesus e seu sacrifício na cruz, todas as funções levíticas perderam seu objeto, já que todo crente é um sacerdote. Hoje podemos nos achegar diretamente a Deus por intermédio do Sumo Sacerdote Jesus Cristo (Hebreus 10.19-20). Logo, não há mais uma “classe” interposta entre eu e Deus. A música no culto não deve ser “algo especialmente levítico”, mas apenas uma ferramenta divina para auxiliar a apreensão da música/letra no coração do homem. Deus não está fazendo uma “revolução de louvor” e nem despertando a igreja com a “adoração profética” ou “levítica”. Quando Ele quer despertar a sua igreja o faz como sempre o fez: por meio da sua Palavra (2 Reis 22.8 – 23.16).

III. Aos dirigentes dos cânticos da igreja, alguns conselhos importantes: 3.1 Seu papel principal é conduzir a igreja a cantar corretamente, atentando à entrada e à finalização da música. 3.2 O momento da música congregacional da igreja não é “o seu momento”. Ou seja, não é o lugar para se contar testemunho, causos ou mesmo pregar. Atenha-se a, no máximo, destacar o tema do cântico ou hino que será cantado. 3.3 Vocês não são animadores de auditório. Calma, não estou dizendo com isto que seja errado convidar e motivar a igreja a cantar. Refiro-me ao fato de que muitos dirigentes têm procurado reproduzir o que ouvem nos “shows golpels”, tantando repetir a performance do Fernandinho (artista gospel) no palco da igreja, por exemplo. 3.4 Não façam “segunda voz” em dueto ou outros arranjos. Como voz principal, sua função é dar segurança à congregação e não demonstrar sua capacidade de cantor. 3.5 Substituam o termo “ministro de louvor” por “dirigente dos cânticos” ou “liturgo”. 3.6 Novamente afirmo: aquele não é o “seu momento”. Há dirigentes que simplesmente fecham os olhos, levantam as mãos e a congregação se torna uma mera expectadora do momento-adorador do dirigente.

IV. Aos meus queridos músicos, mais alguns conselhos: 4.1 Desenvolvam seu potencial. Saiam da mediocridade das notas naturais e aventurem-se na floresta harmônica das dissonâncias. Lógico que estou falando de muito estudo e dedicação. Já abordei isto em outro post. 4.2 Não descuidem de sua vida com Deus. Que a beleza da harmonia musical esteja afinada à beleza do compromisso de vida com o Senhor. 4.3 Tomem cuidado com os solos. O foco deve ser o culto a Deus e não você. Não vejo problema algum de alguém receber aplausos por seu desempenho num show, mas o culto não é lugar para demonstrar tudo o que você sabe fazer com o seu instrumento. 4.4 Saibam que sempre há o que se aprender com outros músicos. Se você é violonista (como eu) não se constranja em olhar para os dedos de outro violonista quando ele estiver executando algo ao violão, pedir para ele repetir o que fez, imitar e até perguntar se está certo como você está fazendo. Esse intercâmbio fará com que você cresça tanto em musicalidade quanto em humildade. 4.5 Lembrem que o mais importante é o conjunto e não os talentos individuais. Essa disciplina individual demonstrará a maturidade do conjunto. Há grupos onde o guitarrista quer aparecer mais que o tecladista e por aí vai. Lembrem que são uma equipe!

V. Todo crente deve ser envolvido com a vida e o ministério da igreja como um todo, inclusive (e principalmente) o integrante do ministério de música da Igreja. Já convivi com músico que só aparecia aos ensaios e aos cultos de domingo à noite. Exceto um impedimento justo (estudo/trabalho/enfermidade) é dever de todo crente participar das atividades da igreja, inclusive o culto semanal. É triste ver que alguns grupos musicais tratam com desdém o culto semanal, quando na realidade deveriam se esforçar para manter o mesmo nível musical de domingo, não por constrangimento, mas espontaneamente por amor ao ministério.

VI. Selecione os que adentrarão ao grupo musical da igreja. Observe tanto a vida com Deus (testemunho) quanto a capacidade técnica (Se instrumental, instrumental. Se vocal, vocal.). Tem gente que acha que tem a vocação para o ministério de música da igreja porque é afinada e já está “arranhando” um pouco o violão. Não é bem assim. Uma vida santa sem a capacitação técnica necessária não estará apta para o ministério musical tanto quanto uma vida capacitada tecnicamente sem vida santa não estará.

VII. Trabalhe sob os cuidados de seu pastor. Oriente-se com ele sobre como organizar uma ordem temática de cânticos que será adequada para o culto solene. Submeta a ele previamente as músicas que o grupo musical está pretendendo ensinar à igreja. O pastor é capacitado para analisar a teologia da música e se é adequada ao culto. Isto evitará tensões desnecessárias. Vale lembrar que a liturgia da igreja local é de responsabilidade e supervisão do pastor.

Amados, esses conselhos vêm de um coração pastoral que está integrado no grupo musical de sua igreja local e que ama o que faz. Portanto, reflita com carinho. Que o Espírito Santo encha de santo temor o coração de todos os integrantes desse importante ministério da igreja.

Heleno Guedes Montenegro Filho

17 comentários:

Anônimo,  1 de junho de 2011 às 13:31  

Perfeito, Heleno!

Anônimo,  1 de junho de 2011 às 13:45  

Olá Heleno, gostei do texto mas gostaria de tirar uma dúvida. Quando você diz "3.4 Não façam “segunda voz” em dueto ou OUTROS ARRANJOS." quer dizer que quando vc é a voz de referência, não deve fazer segunda voz; que o microfone da "voz de referência" deve ter mais volume; só em duetos; ou que não devemos fazer segunda voz no ministério de louvor?

Alfredo de Souza 1 de junho de 2011 às 13:47  

Grande Heleno, nem preciso dizer o que acho dessa postagem. Mas vou fazê-lo: excelente!

Parabéns!

Nat,  1 de junho de 2011 às 17:48  

Muito bom Heleno. Bem escrito e bastante esclarecedor. Espero que edifique as pessoas que servem a Deus nesse ministerio, e que sirva pra aquietar os inumeros Fernandinhos espalhados por ai.
Abra;cos.
Nat, sua ovelha boavistense em Manaus.

Heleno Filho 2 de junho de 2011 às 08:25  

Prezado anônimo, o vocal de apoio pode até executar arranjos em vozes (duos, trios, quartetos), em contra-cantos etc. Mas a voz principal, como guia para a congregação, não. A finalidade dessa voz é conduzir. O vocal, na função de apoio, pode colaborar com o ornamento.
Abraços!

Heleno Filho 2 de junho de 2011 às 08:29  

Obrigado, Duda. Fico mais feliz ainda com seu comentário porque prova que consegui sintetizar o que temos conversado há muito tempo. Esse texto também é seu. Abraços!

Heleno Filho 2 de junho de 2011 às 08:31  

Nat, que bom recebe-la aqui em nosso Blog.
Acho muito difícil que os "Fernandinhos" passem por aqui, mas espero que sim.
Bjos!
Seu pastor manauara em Boa Vista ;-)

Ana Paula,  2 de junho de 2011 às 12:47  

Muito Bom Pastor, realmente esse assunto deve ser lido, relido, tratado, comentado,levado a sério, e tudo mais... Que eu venha a mudar em tantos quesitos aqui colocados. Parabéns!
:)Ana Paula

Marcos Augusto 3 de junho de 2011 às 02:30  

Parabéns, Heleno. Como seria bom se seu artigo pudesse ser lido por muitos "levitas". A propósito, à guisa de contribuição, mesmo no período davídico, os levitas nunca estiveram relacionados somente à música. Eles tinham um espectro de competências relacionadas ao culto e ao templo. Por exemplo, em 1 Crônicas 23:3-5 está escrito que dos levitas havia vinte e quatro mil para superintenderem a obra da Casa do SENHOR, seis mil oficiais e juízes, quatro mil porteiros e quatro mil para louvarem o SENHOR com os instrumentos que Davi fez para esse mister. E ainda em 1Cr 26.17,20 a palavra de Deus registra que os levitas eram guardas e encarregados dos tesouros da Casa de Deus. Portanto, para ser coerentes, aqueles que se autointitulam ou chamam os cantores da sua igreja de "levitas", devem chamar assim igualmente o vigia (se houver um) e o zelador, quem sabe, até os diáconos.
Um grande abraço.

Heleno Filho 3 de junho de 2011 às 08:23  

Obrigado, Paulinha. Sempre serei seu fã, apesar de você haver me abandonado na "Sonata Concertata" de Pagannini, rsrs... brincadeirinha.

Bjos, querida.

Heleno Filho 3 de junho de 2011 às 08:26  

Valeu, Marcão. Excelente contribuição. No post eu apenas havia feito menção às atribuições iniciais dos Levitas, citando Números 1:50. A Bíblia deixa claro que as atribuições dos levitas foram crescendo e o seu comentário vem enriquecer ainda mais esse aspecto.

Abraços!

Unknown 26 de dezembro de 2012 às 09:05  

Olá irmão.

PERGUNTA > "Que qualificações espirituais um ministro de louvor deve ter?".

RESPOSTA PERFEITA > "As mesmas que se esperam de um crente verdadeiro”.

Que a Palavra seja tua maior fonte de inspiração.
Em Cristo,

Jardel de Castro.

Geazy Liscio 11 de janeiro de 2013 às 03:18  

Heleno, parabens pelo blog!!

Com certeza será de grande ajuda na minha caminhada com os irmãos do Ministério de Música. Tenho tentado discipula-los, alguns estão atendendo e outros ainda olham com certo receio.

Uma pergunta, voce é parente do Pr. Teofilo Montenegro? Fui contemporaneo dele no SPBC.

Um abraço!

Deus te abençoe

Heleno Filho 23 de fevereiro de 2013 às 13:34  

Geazy Liscio, obrigado pelas palavras.

Sim. O Teófilo é meu irmão duplamente: no sangue e na fé.

Abraços!

Consultora em Educação 29 de setembro de 2015 às 07:54  

A música deve ser usada inteligentemente

Ivone Boechat


O cérebro humano está cansado e agredido pelo excesso de informações. A tv se encarregou de saturar, incessantemente, com sons irritantes; nas ruas, os motoristas buzinam estridentemente, e aceleram forte, produzindo barulho excessivo; os ruídos internos empurram o ser humano para o universo interior das cobranças sociais, e assim estressado pelo trabalho, ele se dirige aos templos para buscar a Palavra, a quietude, a reflexão. Quem não gostaria de orar silenciosamente ao entrar no santuário, ao som de uma musica suave? Quem não gostaria de ouvir um coral, ou cantar com a congregação um hino inspirativo, sem necessidade de tentar superar o barulho do que mais parece um “trio elétrico” de 90 decibéis, prejudicando a audição e a saúde?

Ainda há tempo de reverter o horror que se instalou nos templos durante o culto. Autoridades especializadas no estudo dos efeitos do som indicam que ruídos em níveis elevados alteram o comportamento humano e não preparam o cérebro para ouvir a mensagem, pelo contrário, interferem na química cerebral, que fica muito alterada. Com toda essa adrenalina a pessoa torna-se incapaz de gravar a mensagem.

A música é um poderoso fixador da memória: sensibiliza; emotiza (cria entusiasmo); prepara o cérebro para arquivar as mensagens; consola; tranqüiliza; desperta a atenção; estimula a produção dos hormônios que formam o padrão químico das inteligências.
A música deve ser usada inteligentemente, como recomenda um dos maiores músicos da antiguidade, Rei David:

“ Pois Deus é o Rei de toda a Terra; cantai louvores com inteligência.” Sl 47:7 .
"Cantai-lhe um cântico novo, tocai com arte e júbilo." Sl. 33:3

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