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09 novembro 2010

Análise da música "Livre Acesso"

Em primeiro lugar, gostaria de deixar claro que admiro muito o excelente trabalho que vem sendo realizado por diversos grupos musicais no meio evangélico brasileiro. Quando posto comentários sobre as músicas, não pretendo denegrir ninguém. Apenas comparar ou confrontar as diversas canções com a doutrina bíblica. Minha intenção é a de fornecer bases para um debate sincero e esclarecedor a respeito do que a Bíblia nos ensina, a fim de que os leitores e compositores pensem sobre a importância da correção bíblica do que cantamos. Se nossa adoração tem que ser em espírito e em verdade (contra o que é falsificado), ou seja, embasada na Palavra, então precisamos pensar mesmo.
Hoje escolhi uma canção belíssima e extremamente envolvente para pensar a respeito de sua letra. Eis a canção:

Senhor eu não sou nada diante do teu poder 
Nem merecedor do teu imenso amor 
Através do teu filho tenho livre acesso a ti 
Que me fez chegar aos teus pés 
Me humilhar diante de ti 
Deixa o teu rio, passar em minha vida 
E curar minhas feridas, sarar as minha dores 
Livra-me ó Deus, das cadeias que me prendem 
Toca em minha'alma, faz de mim o teu querer 
Senhor!


Esta canção possui uma ênfase importante na necessidade de nos humilharmos perante o Senhor. Jesus disse que os humildes de espírito são bem-aventurados, em Mateus 5.3. Tiago recomenda que nos humilhemos perante Deus e ele nos exaltará (Tg 4.10). Realmente, não temos nada a oferecer a Deus; só podemos pedir. Como pecadores que somos, não merecemos mesmo a bondade de Deus, seu amor, a salvação, a misericórdia. No entanto, como bem ressaltou o autor, temos acesso ao Pai pela mediação do Filho, o sumo-sacerdote que nos aproxima pelo seu sangue (Hb 10.19-21). A menção ao rio, que ele pede que o Senhor deixe passar, nos faz lembrar da torrente das águas purificadoras de Ezequiel 47 e nos remetem às palavras de Jesus em João 7.37-39: "Ora, no seu último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva. Ora, isto ele disse a respeito do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito ainda não fora dado, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado".
O problema surge quando chegamos à parte em que o autor diz: "livra-me ó Deus das cadeias que me prendem". A relevância dessa frase dependerá de quem está cantando. Se for um cristão genuíno, não faz sentido nenhum. Jesus disse:  "E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (Jo 8.32). Também afirmou: "Se, pois o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres". Paulo disse que o Senhor nos chamou à liberdade (Gl 5.13). Também João afirma que Jesus Cristo se manifestou para destruir as obras do diabo (1Jo 3.8). Em suma, se você creu no evangelho, foi liberto. Não faz sentido agora cantar "livra-me das cadeias que me prendem". Se alguém cantar isso, biblicamente falando, é porque ainda não foi salvo. "Mas e a liberdade poética"?  - alguém poderia perguntar. Volto a dizer o que já escrevi aqui uma vez: nossa liberdade poética tem que ser serva da palavra de Deus. Outra pessoa poderia pensar que o sentido é de  nos livrar do pecado que nos assedia. Mas ser assediado pelo pecado não significa ser escravo do pecado. Mesmo quem não é mais escravo do pecado por causa da conversão, terá de travar lutas para mortificar o pecado na vida a cada dia (Gl 5.17). Mas ele vence o pecado (1Jo 3.9), porque não é escravo.
Concluindo, se eu pudesse fazer uma sugestão ao compositor, sugeriria uma revisão nessa frase, pois, com as coisas de Deus, boa intenção apenas não resolve (Uzá que o diga!). É necessário que cantemos a fiel Palavra de Deus ou algo que esteja em plena conformidade com ela. Os cânticos precisam ser espirituais. E serão, se estiverem de acordo com a Palavra de Deus, que é inspirada pelo Espírito Santo e tem que ser a nossa única regra de fé e prática.


Pr. Charles

10 comentários:

Clodoaldo Brunet 13 de novembro de 2010 às 17:31  

Já cantei muito esse cântico, mas, ao chegar nessa parte sempre fiquei desconfiado, procurando saber que cadeias são essas, já que na minha vida não existiam tais cadeias.Prabéns pela análise. Estou repassando aos irmãos da nossa congregação.
Clodoaldo Brunet
Pastor Presbiteriano em Cajazeiras PB

Nick Silvânia 14 de novembro de 2010 às 10:35  

Ola pastor, parabéns pelo blog, é uma bênção, já me tornei um seguidor e como ficarei feliz se você também seguir meu blog. Sou esposa de pastor e sei o que [e o desafio de um ministério.

Anônimo,  14 de novembro de 2010 às 16:02  

Pr. Charles,
Uma dúvida sincera, a expressão "livra-me das cadeias que me prendem" não poderia estar se referindo aos problemas que enfrentamos diariamente, ou até mesmo às perseguições que porvetura soframos?

Alfredo de Souza 15 de novembro de 2010 às 12:08  

Grande Charles, pertinente comentário que ajudará aqueles que se dedicam ao ministério da música.

Grande abraço.

Charles Oliveira 19 de novembro de 2010 às 07:09  

Caro anônimo,

Devemos usar a linguagem bíblica como carro chefe de nossas composições. Afinal, a comunicação da vontade de Deus e de sua doutrina está na Bíblia. Nossa liberdade poética tem de ser serva da palavra de Deus. Na Bíblia, que é nossa regra de fé, que regula o que devemos crer e ensinar, é dito várias vezes que estamos libertos em Cristo. Se alguém ainda possui cadeias que o prendem, na linguagem bíblica, ainda não é convertido. pode até ser que o compositor tenha desejado dizer isto, mas infelizmente o que ele quis dizer pode não ser o que as pessoas entendem pela letra como está. Prefiro um estilo de composição que respeite mais a linguagem e significado expresso na Palavra de Deus.

Abraço!

Charles Oliveira 19 de novembro de 2010 às 07:12  

Caro Clodoaldo,

Até imagino que o autor tenha pretendido dizer outra coisa, mas acabou que não foi o que ele fez, pois a linguagem bíblica é diferente. Quando fala de prisão, refere-se à escravidão a Satanás.
Obrigado pelo apoio! Alegra-me saber que meu blog é lido até na Paraíba!

Abraço!

Charles Oliveira 19 de novembro de 2010 às 07:13  

Silvânia,

Obrigado pelo convite. Certamente irei conferir seu blog!

Abraço!

Charles Oliveira 19 de novembro de 2010 às 07:14  

Alfredo, seu ogro do bem!

Obrigado pelo comentário incentivador! Vamos em frente! Estamos contando os dias para estar aí com a sua tchurma!

Abraço!

Beth Serique,  4 de julho de 2011 às 19:31  

Pastor Charles.
Me sinto segura diante da profundidade do ensino da Palavra de Deus neste Blog. Já fui presa fácil para as fábulas e vãs doutrinas.
Desde que você esteve em Boa Vista nossos pastores estão sendo bem criteriosos (mais do que antes) com relação à escolha das músicas no culto. Realmente devemos cantar o que cremos.
Acho linda a música "Povo da Aliança".
Quem crê no livre arbítrio não se livra fácil das cadeias a que se refere a Bíblia, portanto todas as vezes que ele perder a Salvação ele canta: "Livra-me ó Deus das cadeias que me prendem".

Anônimo,  15 de agosto de 2015 às 20:41  

Analisou tanto que nem percebeu o erro existente na primeira frase da música:

Senhor eu NÃO SOU NADA diante do teu poder

Se eu não sou NADA, logo eu sou TUDO, diante do poder de Deus?

O correto seria: Senhor eu sou nada diante do teu poder!

Pura questão de português e lógica!

Espero ter colaborado...

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