Joquebede e a missão de mãe, num mundo de incertezas
Ser mãe nos dias de hoje, deve ser algo
desafiador. Certamente este mundo, cercado pelo temor da contaminação pelo COVID-19,
não fazia parte dos planos das mamães que estão prestes a dar à luz. Imagino que a expectativa que lhes tomava, antes desta pandemia, era de
sorrisos e de alegria, e nada, mesmo em seu horizonte distante, lhes levava a imaginar
que seu filho estaria prestes a nascer em um ambiente tão inseguro quanto o
atual. No entanto... será que apenas agora o mundo se tornou inseguro, ou foi a
percepção da insegurança que se tornou aguda?
Tenho duas filhas. Ambas ilustram
sentimentos diferentes que me tomaram no momento do nascimento de cada uma delas. No da
mais velha, as dúvidas que me incomodavam tinham a ver com a minha inquietação
quanto à capacidade que teria para educá-la e protegê-la nesta (e por quê não dizer, desta) cultura
pecaminosa, discipulando-a no caminho de Cristo. Quando a mais nova veio à luz, cinco anos depois, o mundo
enfrentava uma pandemia de H1N1, igualmente um vírus perigoso. Guardo em minha
memória a lembrança de quartos fechados e isolados, com casos suspeitos, no
mesmo andar do hospital onde minha esposa e filhinha estavam. Talvez seja por isso que há
pessoas que – pecaminosamente, a meu ver – abdicam da alegria de ser
mãe ou pai, por um suposto pavor de expor um filho aos perigos desta vida.
Como disse inicialmente, apenas
a percepção de um perigo eminente
está aguçada, atualmente. Na realidade, uma ameaça sempre esteve à espreita de quem veio a
este mundo e, certamente, estará aos que vierem depois de nós. Afinal de contas, habitamos
num planeta que foi manchado pelo pecado. Por isso mesmo que nas horas em que medos desta vida
insistirem em tentar nos roubar a paz, é preciso que nos lembremos das palavras de
Cristo: Estas coisas vos tenho dito para que
tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu
venci o mundo (João 16:33).
Nossa paz não esteve e nunca estará firmada na ausência de aflições, mas na fé de que
Cristo está conosco em todo o tempo, e as venceu a todas! Louvado seja o nome do Senhor.
Moisés, líder usado por Deus
para libertar o povo Hebreu do cativeiro egípcio, também não teve o privilégio
de nascer num ambiente tranquilo. Sendo sua mãe uma escrava, teve que lidar
com o terror imposto pelo então Faraó, rei do Egito que, por temer a multiplicação do
povo de Deus e, sua possível rebelião, ordenou que todos os bebês meninos, recém-nascidos,
fossem mortos (Êxodo 1). Joquebede, (sua mãe, conforme Êxodo 6:20 e Números
26:59), conseguiu guardá-lo da mortandade por três meses, findo os quais, o
colocou em um cesto gentilmente calafetado, deixando-o seguir o curso do Nilo.
O final desta parte da história, já sabemos: Miriã (sua irmã) acompanhou o
cesto, até esse ser encontrado pela filha de Faraó. Esta, contratou Joquebede
para cuidar do menino Moisés durante sua infância (Êxodo 2: 1-10).
O que essa história tem a dizer às
mães (e quiçá a todos mais)? 1. Que o ambiente do nascimento de um filho, sempre
será cercado de perigos. Foi assim no nascimento de Moisés, foi assim no
nascimento de Jesus (Mateus 2:16-18). São as consequências de um mundo que rebelou
contra o seu Criador. 2. Que por mais que nos esforcemos para cuidar de nossas
crianças, nossa dependência deve estar no Deus que comanda a história.
Joquebede, mãe dedicada, protegeu Moisés por três meses do cheiro putrefato da
morte, mas teve que entregar seu filho nas mãos do Senhor, confiando-lhe seu
bem mais precioso. Isso nos mostra que, conquanto nos esforcemos por cuidar de
nossos filhos, cabe-nos entregá-los, pela fé, às mãos do Todo-Poderoso. Àquele
que ama nossos filhos, muito mais do que nós: “Será que uma mãe
pode esquecer do seu bebê que ainda mama e não ter compaixão do filho que
gerou? Embora ela possa se esquecer, eu não me esquecerei de você!” (Isaías 49:15).
Queridas
mamães, desempenhem sua missão com amor (1Timóteo 2:15), colocando-se em total dependência
do Senhor, como Joquebede, que dedicou a Deus seu filho precioso. Os
sentimentos de incerteza até podem ir e vir; por isso mesmo, fortaleça seu cuidado de
mãe, educando seus filhos nas veredas do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança (Tiago 1:17).
Naquele que sustém todas coisas na força do seu poder (Hebreus 1:3). Nele estará
sua força e fé, para ser a mãe que Ele quer que você seja. E, nos momentos em
que uma sensação de insegurança insistir em tomar o seu coração, diga à sua
alma: “Volta, minha alma, ao teu sossego,
pois o Senhor tem sido generoso para contigo.” (Salmos 116:7).
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