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30 julho 2010

Pregação Expositiva como Fonte de Autoridade no Ministério

Li certa vez sobre a teoria dos ciclos na história. Cada acontecimento se repete independente da vontade humana. Vários expoentes deste pensamento deixaram mãos e pés na calçada da fama da ciência histórica, desde Heródoto a Maquiavel. Concordo que essa teoria é bastante coerente, esclarecendo que cada fase da humanidade possui suas idiossincrasias. No entanto, o Pregador disse: “O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol” (Ec 1.9). Partindo dessa metodologia de análise histórica, podemos perceber muitas coisas em comum entre a igreja cristã hodierna e a do período medieval. Três crises estavam em pleno vigor na igreja da Idade Média:
1.     A crise da salvação – Os fiéis não podiam desfrutar de qualquer certeza de salvação. Eles eram orientados a praticarem as boas obras a fim de conquistar a salvação por seus próprios méritos. Jamais alguém saberia quanto de boas obras seria suficiente para assegurar a salvação. Além disso, muitas relíquias circulavam pela Europa. As pessoas pensavam que um contato com elas ajudaria a alcançar o favor divino. Lutero disse que com a madeira que supostamente havia sido da cruz de Cristo poderiam cercar toda a Alemanha. O próprio Lutero foi atrás do suposto crânio de João Batista, que esteve em exposição no Vaticano, atrás de segurança de salvação, antes de seu emblemático encontro com o texto de Romanos 1.16,17. Um papel com a assinatura de um sacerdote autorizado, a indulgência, era vendida a preço de ouro para garantir a quem cresse nesse papel, a saída do purgatório de alguém que já havia morrido.
2.     A crise moral Outra crise que marcava o período Medieval era relacionada com a imoralidade presente no clero em geral. O celibato era divulgado, mas os clérigos não cumpriam seus votos. Prostitutas entravam e saíam das casas dos sacerdotes e de mosteiros, ainda que às escondidas. Muitas monjas, como as de Mont-Martre, chegavam a vender seu corpo por alguma compensação financeira. O papa Alexandre VI ofereceu um banquete em comemoração a seu papado com mulheres que se ofereciam aos convidados. Isso levava o clero, tanto o regular (dos claustros e mosteiros), como o secular (que estava mais próximo das vistas das pessoas) a outra terrível crise: de autoridade.
3.     A crise de autoridade – Como a imagem do clero medieval estava manchada pelas terríveis acusações de lassidão moral, eles não desfrutavam de autoridade entre os fiéis. Por esta razão, necessitavam de manter suas posições através de atribuições, nomeações e hierarquias cada vez mais complexas. Outra razão que explicava a crise de autoridade era a falta de regra infalível de fé e prática. A Bíblia não era exposta, nem lida ou propagada. As pessoas não conheciam a sua mensagem. As Escrituras eram consideradas perigosas, misteriosas, não recomendadas. Não havia como o cristão medieval conhecer o que a Bíblia ensinava sobre salvação, até porque a pregação não era no vernáculo popular. A crise de autoridade levou o clero à formulação de um sistema complexo de hierarquias, oferecendo posições de destaque na igreja visando compensar a falta da autoridade que brotaria da fiel exposição da Palavra.

Semelhantemente, em nossos dias, muitos setores do evangelicalismo sofrem com as mesmas crises. A crise de salvação mostra sua face à medida que membros de igrejas são orientados a cumprir regras para alcançar sua salvação. Essas regras variam desde contribuição financeira a uso de fetiches e objetos “miraculosos”. Sempre a ajuda de um recurso ou outro, como raminho de arruda, sal grosso e até água benta é necessária para que a obra de Deus seja realizada. As pessoas que freqüentam essas igrejas neo-pentecostais não conseguem desenvolver e desfrutar da certeza de sua salvação. Um dos capelães do Mackenzie contou que uma mulher passou pela frente da Universidade e viu a capela. Entendendo que era uma igreja, pensou que poderia ser aconselhada pelo pastor. Assim ela foi encaminhada ao capelão que a ouviu atentamente. Ela fora obrigada a assinar compromisso de contribuir numa certa igreja com uma quantia fixa mensal. Para isto, recebeu um carnê de contribuição. Como veio o desemprego, ela teve de parar com a contribuição. O pastor a chamou e, depois de adverti-la, entregou um documento, uma declaração de que seu nome havia sido riscado do Livro da Vida do Cordeiro, por causa da inadimplência. Então o capelão se indignou com a atitude do pastor da igreja dela e a tranqüilizou com a pura e simples mensagem do evangelho da graça. Ela foi posteriormente encaminhada a uma igreja presbiteriana. Note como a crise de salvação é real e marcante em nossos dias.
A crise moral tem solapado a liderança da igreja evangélica atualmente, à medida que notícias de abusos sexuais perpetrados por pastores, missionários e outros líderes circulam pela mídia. Além disso, pesam acusações de escândalos financeiros, acesso a material pornográfico, linguajar chulo e grosseiro, charlatanismo. Tudo isso culmina na crise de autoridade. Para desfrutar de posição de destaque na igreja , os líderes do evangelicalismo hodierno precisam de carisma, mídia e status. Tudo isso é conferido com promoções na escalada clerical moderna. De obreiros leigos a missionários, pastores, bispos e apóstolos, numa total inconformidade com o papel e natureza do apostolado instituído pelo próprio Senhor Jesus. Recentemente foi noticiada a ordenação de Renê Terranova como Apóstolo Patriarca. A designação “apóstolo”, ainda que usada indevidamente, já não é suficiente; é necessária uma qualificação coadjuvante a fim de potencializar o “apostolado”.
Na contramão desse processo moderno, seguem os que preferem adquirir autoridade mediante a fiel exposição da Palavra e a manutenção de uma vida santa. Essas duas coisas são inseparáveis para se exercer liderança genuína na igreja de Cristo. Aliás, liderança verdadeira começa com a inversão da pirâmide organizacional proposta pelos cabeças dos movimentos evangélicos. Jesus disse: “Os reis dos povos dominam sobre eles, e os que exercem autoridade são chamados benfeitores. Mas vós não sois assim; pelo contrário, o maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve” (Lc 22.25,26). A verdadeira liderança segundo o modelo bíblico é servil. A autoridade que tanto é almejada não é outorgada mediante atribuição de status avançado na escalada clerical, nem numa nomeação com atribuição de posição numa célula de organograma; deve ser conquistada mediante a vida condizente com a fé professa na Palavra de Deus e a fiel exposição das Escrituras.
Nesse contexto, a pregação expositiva surge como a paz em meio ao caos. Enquanto muitos líderes cristãos lutam e oprimem uns aos outros por um lugar ao sol, deveriam se submeter à Palavra como fonte de autoridade no ministério pastoral. A pregação expositiva, portanto, serve como fonte de autoridade no ministério por algumas razões:
1.      O ministro não fala de si mesmo, mas do conselho de Deus. A pregação expositiva tem sido definida como a proclamação apaixonada de uma unidade da Bíblia, que é realizada na dependência do Espírito Santo, para glorificar a Deus ser aplicada para ocorrer uma mudança imediata na vida das pessoas (extraído das anotações de aula – Dr. David Jussely - CPAJ). A pregação expositiva é escrava da Escritura. Stuart Olyott, em seu livro Pregação Pura e Simples, afirmou que a pregação está ligada ao conceito de kerysso, que diz respeito àquele que porta a mensagem do rei. Ele deve ser fiel às palavras do rei. Isso diz respeito à fonte da pregação e confere autoridade à mensagem. Olyott diz: “toda a minha mensagem é obtida nas Escrituras. Não a invento. Descobrirei o que o Rei afirma em sua Palavra e mostrarei isso aos membros da igreja” (Olyott, 2008, p.19). Pedro, orientando os crentes a viverem de modo a trazer a edificação à vida de cada um, diz: “Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus” (1Pe 4.11). Falar daquilo que o Rei Eterno inspirou é falar do que é perfeito e cheio de autoridade. Traz autoridade também para o ministério.
2.      As aplicações surgem do próprio texto. Se tem uma coisa que prejudica a autoridade no ministério é o uso indevido do púlpito. Usar o púlpito para resolver pendências pessoais, enviar recados a determinados ouvintes, desabafar e chorar as mágoas, queixar-se de um indivíduo. No sermão expositivo, o pregador perguntará fará ao texto: “e daí?” Se partir do texto, poderá ter tranqüilidade para persuadir os ouvintes acerca dos erros a serem corrigidos, os quais são tocados pela passagem. Ninguém vai pensar que se trata de um “sermão de carapuça”, com aplicação individual, porque o ponto de partida foi o texto. No final, todos perceberão que era um sermão de carapuça, sim, mas de aplicação coletiva, para que toda a igreja se corrigisse e se prevenisse do erro.
3.      A congregação reconhece o pregador como conselheiro capaz. Quando o pregador expõe a mensagem da Bíblia com precisão e clareza, vários aspectos da vida humana que são os focos da condição decaída (cf. Bryan Chapel, Pregação Cristocêntrica), ou seja, distorções, problemas e defeitos resultantes do fato de sermos pecadores, são corrigidos. Isso faz com que o crente reflita acerca de situações de conflito com Deus e com o próximo que precisam ser tratadas de forma mais específica. O pastor, que foi o porta-voz da Palavra de Deus que penetrou no coração, se torna o referencial para oferecer aconselhamento bíblico e orientação. Já ocorreu diversas vezes em meu ministério, de eu tocar em certos assuntos do púlpito, a partir da passagem exposta, e depois da mensagem alguém dizer que enfrentava sérios problemas na área e que desejava corrigir-se. Algumas vezes até mesmo quando estava fora do meu campo de trabalho. Seria de se esperar que a falta de convívio impediria a criação de um vínculo de confiança. Contudo, apenas o fato de eu ter feito a exposição do texto me conferiu a confiabilidade necessária para que a pessoa me procurasse na função de conselheiro cristão.
4.      Consolida o pastor como verdadeiro líder do rebanho. Certa vez um pastor amigo meu foi pregar no aniversário da igreja. Após o culto, tomei a palavra e me dirigi à congregação a fim de comunicar as atividades da semana e saudar os visitantes. Após o culto, uma irmã me disse que, mesmo depois de ouvir aquela pregação maravilhosa, quando ouviu a minha voz, pensou: “este é o meu pastor”. Por quê? Porque minha liderança estava consolidada após um longo período caracterizado principalmente pela pregação expositiva da Palavra. A igreja está todos os domingos na igreja ouvindo os sermões do pastor. Se ele prega fielmente a Palavra, isso lhe traz autoridade suficiente para consolidar a liderança necessária a um bom pastorado.
5.      Proporciona maturidade cristã e conhecimento de Deus. Os crentes que ouvem sermões expositivos nutrem uma compreensão mais clara das Escrituras Sagradas. Seu conhecimento de Deus se torna mais profundo, seu relacionamento com ele se aprimora a cada nova mensagem ouvida. Com isso, o apoio aos projetos do pastor se torna mais evidente e uma congregação mais madura possui mais facilidade em reconhecer a autoridade do pastor. Além desse fator, a própria igreja se dispõe mais à ação dedicando mais de seu tempo ao Senhor, que as persuadiu pela Palavra que foi pregada com precisão e fidelidade.

Diante dos argumentos anteriores, fica claro que a pregação expositiva precisa ser adotada com urgência pelos pregadores da atualidade, até como forma de luta e combate à incredulidade. A pregação expositiva possui um enfoque naturalmente apologético, porque ela se baseará sempre na verdade da Palavra de Deus, a qual precisa ser vindicada e utilizada a fim de desafiar a incredulidade. Também a mesma Palavra exposta corretamente terá a função de persuadir os incrédulos chamando-os ao arrependimento e fé. Algumas atitudes, no entanto, devem acompanhar os que são convencidos pela eficácia e vantagem da pregação expositiva.

Deveres do pregador expositivo:

1.      O pregador deve orar por iluminação. Será que temos investido tempo orando para compreender a passagem? É necessário que o pregador ore buscando a instrução de Deus para o sermão, para que suas palavras sejam fiéis, corretas e relevantes. Infelizmente muitos ministros atingem um certo grau de experiência no pastorado e acabam por pensar que são auto-suficientes. Aí está um dos piores erros de um pregador: confiar na própria habilidade. Tem buscar orientação do Senhor em oração, sabendo que sempre terá de aprender coisas novas a partir da Palavra.
2.      O pregador deve ruminar a passagem. Ponderar, refletir, decantar a passagem, deixar ela na mente durante um certo tempo. Um pregador amigo meu certa vez me aconselhou a escrever o esboço do sermão da outra semana antecipadamente e deixar na gaveta até chegar o momento de pregar. Isso me obriga a passar um tempo ruminando a passagem e a pregação.
3.      O pregador deve organizar seu trabalho. Os ouvintes não devem julgar o sermão confuso e desorganizado. A transmissão da mensagem precisa ser transparente, clara, bem esquematizada. Geralmente, os ouvintes possuem noção de organização. Facilmente perceberão as falhas do pregador se ele for relapso neste quesito. Além disso, Deus sempre falou de maneira organizada ao seu povo.
4.      O pregador deve se esforçar por viver em santidade. O que o pregador faz fala mais alto que seus sermões eloqüentes. A pregação expositiva tem que ser ouvida primeiro pelo próprio pastor. Isso deve fazer com que ele busque ainda mais viver de acordo com o que tem ensinado. Um pastor amigo meu me mandou um sermão seu por e-mail. O sermão era muito bom, altamente edificante, mas o que me trouxe a lição mais importante foi uma frase que ele expôs no cabeçalho: “Edimar, vive este sermão!” A partir daquele momento, passei a escrever no cabeçalho de cada sermão meu, quando escrito em Word: “Charles, vive este sermão”. Vida santa traz autoridade para quem prega. Por isso Paulo declarou: “mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado” (1Co 9.27). O pregador expositivo sabe que o que prega é exatamente o que o texto pretendia ensinar. Ele então deve se esforçar para ser exemplo dos fiéis, de modo que estes o vejam como um líder coerente, cuja vida condiz com a mensagem que anuncia, com a fé que professa.
5.      O pregador deve pregar com paixão. A pregação não pode ser uma atividade acadêmica emocionalmente neutra. Deve ser apaixonada. John Piper disse: “Se você crê que há céu e inferno, e que as pessoas que o estão ouvindo irão ou para um ou para o outro lugar, você pregará de forma apaixonada para conduzi-los a Cristo”. Não quero dizer que a pregação deve ser sempre em tom agressivo ou em voz alterada pelo alto volume a fim de que pareça apaixonada. Nem sempre a paixão está no tom da voz, mas sempre no coração de quem prega. Se o pregador é apaixonado pelo Senhor e pela sua mensagem, se ele está fascinado pela beleza do evangelho e consciente da gravidade dos temas abordados pela Bíblia, sua pregação será apaixonada.
6.      O pregador deve fazer uma exegese dos seus ouvintes. Ele deve compreender a faixa etária, a bagagem cultural, o nível educacional, as dificuldades, as lutas, etc. O pregador deve fazer o possível para conhecer o seu povo: visitar, conversar francamente, perguntar sobre o trabalho, sobre a família e amizades.

Não é fácil ser pregador em nossos dias. Já que no evangelicalismo brasileiro há as crises moral, de salvação e de autoridade, precisamos nos policiar bastante. Temos de pensar que é urgente uma firme postura para resgatar a boa imagem do pregador como expositor e cumpridor da Palavra de Deus. Não precisamos levantar nossa voz com as pessoas a fim de que elas respeitem nossa autoridade ministerial. Não precisamos vindicar nossa posição; nem criar hierarquias para resguardar nossa condição de líderes na igreja. Precisamos tão-somente fazer o que Paulo ordenou a seu discípulo Timóteo: “prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina” (2Tm 4.2).
Que Deus nos ajude a cultivar e conquistar autoridade no rebanho mediante a fiel exposição de cada unidade das Escrituras Sagradas, para a sua glória e para crescimento nosso e daqueles que nos ouvem a cada domingo.

Rev. Charles Melo de Oliveira

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29 julho 2010

E a Bíblia com Isso?

Quero indicar um novo blog que tenho o privilégio de assinar com outros sete pastores presbiterianos. O objetivo deste novo blog é oferecer reflexões bíblicas sobre temas do cotidiano com clareza, profundidade e relevância.

Entre lá e deixe seu comentário opinando sobre os temas, oferecendo sugestões, contribuições, enfim, certamente você será bem-vindo!

http://www.bibliacomisso.blogspot.com

Um abraço!
Charles

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28 julho 2010

A Firmeza da Juíza Argentina


Quando Pedro se viu forçado a não mais falar nem ensinar no nome de Jesus, ele respondeu: "Julgai se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus" (At 4.19). Sua firmeza diante dos oponentes estava ligada ao seu compromisso firme de obedecer a Deus em primeiro lugar. Quando ele negou a Jesus, por ocasião do interrogatório, após a traição de Judas Iscariotes, demonstrou que não estava disposto a tudo para obedecer a Jesus. Agora, vemos alguém maduro em sua fé, disposto até a passar pela morte, se fosse necessário.
No dia 16 de julho, vimos uma demonstração de firmeza no propósito de obedecer a Deus acima de todas as coisas. A juíza de paz Marta Covella, da cidade de General Pico, afirmou que não fará casamentos de homosseuxais com as seguintes palavras: "Que me acusem do que quiser. Deus me diz uma coisa e eu vou obedecer com todo rigor, mesmo que custe meu posto, e mesmo que me custe a vida, porque primeiro está o que Deus me diz". Ela ainda afirmou que foi criada lendo a Bíblia e teve a coragem de dizer perante toda a imprensa argentina que Deus não aprova esse tipo de união.
Penso que a medida aprovada na Argentina pressiona ainda mais a aprovação do PLC 122/2006 aqui no Brasil. E se esse projeto de lei for aprovado? Como será que nós, cristãos comprometidos com os mandamentos do Senhor, deveremos agir? Penso que deveremos agir da mesma forma de sempre. Demonstrar amor, evangelizar, tratar sem preconceito, embora não concordemos com a atitude deles. O evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16). Deus tem poder para transformar completamente a vida de um homossexual. Deveremos fazer como a Juíza argentina, que resolveu firmemente obedecer antes a Deus que aos homens, a prejuízo de sua carreira. Se tivermos que ser presos, multados, que seja! Sofrer afrontas por amor e fidelidade a Jesus é um privilégio da graça de Deus (Fp 1.29).
Meu objetivo não é pregar o conformismo. Não, absolutamente. Lutarei o quanto puder para que este projeto de lei não seja aprovado. Apenas resolvi cogitar a possibilidade da sua aprovação a fim de pensar um pouco em todas as possibilidades. Que o exemplo de Marta Covella nos ajude a ter motivação para permanecer em obediência a Deus custe o que custar.


Pr. Charles

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26 julho 2010

Aniversário

Hoje é o meu aniversário. Um filme passou pela minha cabeça.
Na primeira cena, imagino minha mãe e meu pai surpresos com a notícia da gravidez, depois de três filhos. Minha mãe planejava aquele como o último filho (mal sabia ela que Deus lhe reservaria uma feliz surpresa: o Diego, que nasceu 15 anos depois). Uma cena tensa tornou o clima turvo e incerto. Minha mãe teve um problema no sexto mês e o médico ordenou que ela ficasse em repouso absoluto. Não podia sequer levantar o braço. Minha tia Hercília foi fazer companhia a ela e cuidar da casa enquanto ela estivesse naquela situação. Um dia desses eu estava tocando violão e mostrando minhas composições para ela e, de repente, ela começou a chorar. Achei estranho. Não sabia que minha música era tão tocante... Não era. Ela estava se lembrando disso e, ao me ver tocando o violão e cantando, se emocionou, porque eu poderia não estar ali...
Enquanto minha mãe lutava para não me perder, porque na cidadezinha de Paracambi, no estado do Rio de Janeiro, não havia UTI neo-natal e nem condições de salvar um bebê no sexto mês de gestação, ela orou ao Senhor. Em sua oração, pediu que o Senhor me salvasse. Disse que desejava que eu fosse um servo de Deus, um pastor. Com muito custo, chegou o dia marcado para a cesariana. Um menino clarinho e com uma ruga abaixo dos olhos nasceu saudável.
Minhas lembranças da infância são as melhores possíveis. Meus três irmãos mais velhos me paparicavam e brincavam a valer! Éramos pobres, mas sempre muito felizes. Meus pais cantavam desde o tempo de solteiros e, com a chegada dos filhos, foi só deixar a musicalidade de cada um aflorar. Formávamos um conjunto musical completo! Minha mãe disse que em 1975, a Primeira Igreja Presbiteriana de Juiz de Fora não teria programação musical de natal. Não teria até meus pais adaptarem uma cantata deles com os filhos. Dizem que foi emocionante. Eu cantei, mas não lembro de nada.
Lembro dos tempos de infância também em Belo Horizonte. Morávamos na vila militar no Bairro da Graça. Cansei de brincar na praça Poá, no tempo em que a gente correndo, caía por acidente nos espinhos das "coroas de cristo". Nunca achei um ramo de flor em número ímpar! Eu e meu irmão brincávamos onde hoje é o parque municipal ali entre Bairro da Graça e Bairro Silveira, à beira da Av. Cristiano Machado. A gente chamava aquele lugar de Chapéu de Santos Dumont, porque o morro era cortado, parecendo o chapéu do pai da aviação. O asfalto virgem e pretinho era manchado pelos torrões que lançávamos do alto da pirambeira. A gente voltava rosa, cobertos de saibro dos pés à cabeça. Como a gente perdia a noção  do tempo, porque nem tínhamos relógio, minha mãe nos chamava da janela do prédio a tarde toda. Quando chegávamos, a medida da preocupação já tinha dado lugar à ira de uma mãe zelosa. E uma mãe zelosa e irada não era boa coisa para dois meninos arteiros. Ela balançava a mão da janela estalando o dedo indicador mostrando que o coro ía pegar. A gente subia as escadas como dois bezerros indo para o matadouro. Lá em casa, ela nos mandava para o banheiro e mandava tirar a roupa. Era sempre assim: duas varadas em mim e quatro no Cláudio, porque ele era mais velho e não havia dado bom exemplo. A gente chorava, ela saía do banheiro e então a gente entrava no chuveiro. Quando a gente se olhava, não sei explicar porque, mas a gente ria pra valer! As risadas mais gostosas de toda a minha vida eu dei debaixo do chuveiro com meu irmão depois de apanhar da minha mãe.
É, o tempo passa. Pena que não dará tempo de escrever mais. Terei a difícil missão de levar minha esposa no Shopping para comprar um presente para mim. Mais tarde ou outro dia eu prometo escrever mais.

Charles

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21 julho 2010

Orgulho Gay



Deputados, vereadores e governantes do Brasil e do mundo estão passando por debates em torno do tema "homossexualismo". Nunca uma minoria fez tanto barulho! Dentre os temas abordados estão a união civil de pessoas do mesmo sexo, como no caso da Argentina, que, com sua tradicional mania de grandeza, arrogou ser o primeiro país da América do Sul a aprovar a medida. Que fiquem com o prêmio. Que o Brasil seja o último colocado, se bem que prefiro que ele sem seja ranqueado.


Existe, no entanto, um fator que me chamou a atenção desde o início desse barulho todo. Os homossexuais defendem a fixação de uma data para comemorarem o "Dia do Orgulho Gay", geralmente no dia 28 de junho. Existe um desacordo intransponivelmente antagônico entre o movimento GLBT e o cristianismo bíblico. Este prega a humildade, a misericórdia, a graça e o perdão de Deus (Mt 5.3; 2Co 5.18-20; Ef 2.8,9; Cl 3.13). Prega o amor ao próximo (1Jo 4.7,8). O movimento gay, por sua vez, prega o fenecimento de qualquer imposição do que é certo ou errado. A Bíblia diz: "Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que põem as trevas por luz, e a luz por trevas, e o amargo por doce, e o doce por amargo!" (Is 5.20). Deus sempre condenou o homossexualismo (Rm 1.27; 1Co 6.9,10). Os gays pregam a aceitação da opção deles sem juízo de valores a qualquer custo. Anunciam que são maltratados, vítimas de violência, mas encobrem fatos como do gay que acompanhava sua amiga em Ceilândia no dia 21 de junho e, quando julgou que já havia muito tempo de espera no Pronto Atendimento, invadiu um dos boxes de atendimento, pegou uma seringa, espetou a própria veia, retirou seu próprio sangue contaminado com vírus HIV, injetou na enfermeira chefe, mordeu outra e chutou mais uma. E é esse tipo de cidadão que necessita de proteção de uma lei especial (PLC 122/2006) que, se aprovada, lhe conferirá superdireitos absolutamente desiguais em relação aos demais cidadãos? Creio que quem precisará de lei anti-heterofobia em pouco tempo somos nós, heterossexuais, enquanto pessoas capazes de atos de violência como aquele sem precedentes em Ceilândia estiverem andando soltas por aí.


Voltemos ao ponto. Se a marca do cristianismo é o amor a Deus e ao próximo, a marca do movimento GLBT é o orgulho. Por isso o "orgulho gay". Faz sentido. A principal marca do reino de Satanás é o orgulho. Quando Paulo escreveu orientações sobre a escolha de presbíteros em 1 Timóteo 3, ele disse: "não seja neófito, para que não se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo" (v.6). Não dá para desvincular a soberba do reino de Satanás. Por essa razão, o mundo, que jaz no Maligno (1Jo 5.19), é caracterizado pelo apóstolo João pela "soberba da vida" (1Jo 2.16). Curiosamente, a bíblia também afirma que "a soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda" (Pv 16.18). OS efeminados e sodomitas jamais herdarão o reino dos céus, a menos que haja arrependimento e mudança de vida.


Observe o contraste: enquanto o movimento gay promove o dia do seu orgulho, Jesus nunca demonstrou qualquer soberba. Embora atraísse multidões por causa dos milagres que fazia, nunca buscou a auto-promoção. Ele se humilhou com sua encarnação, mesmo sendo Deus eterno. Sua humilhação chegou ao extremo da própria morte. Não uma morte honrosa, mas a maldita e terrível morte de cruz (Fp 2.5-8).


Portanto, diga "não" ao "orgulho isso", "orgulho aquilo". Pense no evangelho de Cristo, que foi construído sobre as sólidas bases da humildade. Não foi à toa que João Calvino, o reformador de Genebra, quando perguntado sobre as três maiores virtudes que um cristão deveria buscar, respondeu: "humildade, humildade e humildade".


Charles Melo de Oliveira

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13 julho 2010

Novos Rumos para a Música na Igreja Presbiteriana do Brasil


O Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil está reunido aqui em Curitiba nesta semana gelada (e agradável) de 11-17 de julho. Muitos são os assuntos, propostas, medidas... Nem tudo agrada. Mas uma coisa está sendo absolutamente agradável: existe uma atmosfera extremamente positiva quanto aos rumos da música na Igreja Presbiteriana do Brasil. Em todas as conversas que tive, percebi uma boa vontade impressionante para que a IPB experimente uma alavancada no aperfeiçoamento da música.


O Conselho de Hinologia, Hinódia e Música da IPB (CHHM) enviou um projeto complexo e completo para que a IPB invista em melhorias quanto a este assunto. O projeto inclui quatro itens:


1. Produções fonográficas (um CD por ano - dois infantis, um de cânticos congregacionais e um de coral);
2. Publicação de uma revista de música;
3. Criação de um grupo itinerante (semelhante a Vencedores Por Cristo) para divulgar os CDs produzidos pelo CHHM e para treinamento de grupos musicais nas igrejas locais;
4. Criação da Escola de Música da IPB.


Se aprovado, o projeto incluirá a gravação imediata, ainda em 2010, de um CD infantil considerando a carência extrema de repertório mirim com conteúdo bíblico-teológico de orientação reformada satisfatório e com arranjos atuais. O CD seguinte seria de cânticos congregacionais, como uma segunda edição do recém lançado "Povo da Aliança", produzido pelo CHHM, com arranjos do Daniel Maia e participação de cantores e músicos da IPB. Todas as canções foram compostas por compositores da IPB e incluem estilos variados. Desde reuniões em acampamentos ao culto público poderão ser supridos com as músicas deste CD. O segundo seria nos mesmos moldes. O outro CD seria para coral misto, tendo em vista que esta modalidade carece de incentivo e sugestão de repertório apropriado. Livros de partituras acompanhariam as produções. O melhor é que não haverá interesse comercial e o material todo estará disponível para download gratuito. O quarto CD seria de músicas infantis novamente. Assim nossa igreja seria suprida em todas as esferas e faixas etárias.


A revista de música seguiria um modelo semelhante à da Igreja Batista, "Louvor", que possui artigos, exercícios de técnica vocal, partituras, sugestões para corais, artigos sobre culto e liturgia, reflexões sobre o uso apropriado da música na igreja.


O grupo musical seria selecionado pelo CHHM e incluiria pessoas que revelassem reconhecido talento musical e relativo conhecimento técnico. Um grupo de quatro vocalistas, um guitarrista/violonista, um baixista, um pianista/tecladista, um baterista e um técnico de som comporiam o grupo. Um membro do CHHM seria o coordenador, o qual se responsabilizaria pelos contatos e agenda com as igrejas, a montagem dos circuitos de visitas e prestação de relatórios. O grupo poderia também oferecer cursos breves de técnica vocal/instrumental a fim de aperfeiçoar os músicos das igrejas e firmar a IPB em torno de uma identidade própria.


Estes itens foram pensados levando-se em consideração que a maioria das nossas igrejas usa cânticos contemporâneos e hinos nos cultos e reuniões. Os cânticos mais populares são, via de regra, executados com violão/guitarra, baixo, bateria teclado e baixo. Os hinos são executados com acompanhamento de piano ou órgão. O problema é que hoje há falta de músicos com preparo suficiente para tocar pela partitura. Isso requer estudo da música erudita. Para isto foi proposta a criação da Escola Presbiteriana de Música.


O curso da Escola de Música, conforme a proposta, seria de 3 anos e formaria músicos habilitados para reger corais, dirigir a área da música na igreja local, grupos de louvor, tocar os hinos no piano ou no órgão e conhecer técnicas para gravação em estúdio. Se quiser aperfeiçoar-se, o aluno poderá estudar mais um ano especializando-se em alguma área como canto, piano, órgão, violão e por aí vai. O curso, portanto, poderá ser de 3 ou 4 anos.


Por enquanto, é só o que posso escrever no momento. Enquanto esperamos os desdobramentos do Supremo Concílio 2010, vamos olhar para a frente. Muitas novidades boas virão por aí. Podemos já ver um futuro que inclui uma igreja forte musicalmente e servida de músicos comprometidos com a Palavra de Deus e a boa música, para a glória do Senhor!


Rev. Charles Melo de Oliveira

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03 julho 2010

Para o meu Amigo Alfredo - "El Garrido"

Logo após o jogo do Brasil, diante da arrogância dos holandeses, que disseram que os sulamericanos forjam faltas, simulam pênaltis, catimbam, sendo que eles é que fizeram isso o jogo inteiro; diante também do arrogante técnico holandês, que propalou que poderiam ter feito 4 ou 5 gols, quando, na verdade, a vitória do seu time foi mais demérito brasileiro do que mérito holandês, até pensei em torcer para a Argentina, para que o futebol europeu não arrogasse para si o status de melhor futebol do mundo. Acessei o site "Olé" e mudei de idéia na hora. Não dá para torcer para a Argentina. Não dá mesmo. Eita (como vocês dizem aí em Roraima), como riram de nós, de nossa derrota! Falaram de "museu", em referência jocosa ao Pelé e exibiram a manchete "Brasil 2014". Só que eles ainda não haviam jogado contra a Alemanha. Rapaz, o ditado "quem ri por último ri melhor" é a mais pura verdade! Riram melhor os brasileiros, depois de assistirem os 4x0 para a equipe alemã, com direito a fila do Schweinsteiger e show de Müller. Mas como não é certo rir da desgraça dos outros, vamos pensar da seguinte forma: nem os brasileiros, nem os badalados argentinos. Quem se deu bem mesmo até agora foi o Uruguai, ironicamente classificado na repescagem. Então é 1x1. Espera aí... Não é 1x1; é 2x1 para o Brasil, pois o Dunga, pelo menos terá de voltar para o Brasil. Já o Maradona... (rs).

Brincadeiras à parte, Alfredo, querido "El Garrido", eu amo você, meu irmão!

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02 julho 2010

Por que eu não aprendo? - Teologia da Jabulani

É a mais pura verdade: eu pensava que a Holanda ganharia o jogo hoje quando acordei. Só que o Brasil começou de um jeito que eu cheguei a pensar que seria uma goleada para cima da "laranja Mecânica", que, no primeiro tempo, mais parecia uma mexiriquinha de nada. O pior é que nessa hora sempre vem um pensamento macabro à mente: "time que não faz, leva!" Não deu outra. O segundo tempo começou, cada jogador com um salto alto tipo "Luis XV", com jeito de "já ganhei" ou "pode bater que o gigante é mansinho". Nunca vi arrogância, prepotência ou salto alto ganhar alguma coisa. Foi só o time tomar aquele gol "sai-que-é-sua-Júlio-César-ops-que-é-que-esse-Felipe-Melo-tá-fazendo-aí", que o negócio virou de um jeito que houve uma desconversão (porque eu acho o termo "conversão" tão lindo, por me lembrar o cristianismo bíblico, que não quero usá-lo) no time brasileiro, o qual foi tomado por uma comum falta de senso de bisonhice e um sentimento pró-expulsão (Felipe Melo que o diga), que uma das viradas mais bisonhas da história da Seleção Canarinho se tornou em triste realidade. Achei o comentário de Cruyff arrogante e típico de quem se acha a última bolacha do pacote, mas tive que concordar: o brasileiro que pagou para assistir lá no estádio deve ter pedido o dinheiro de volta. O pior é que agora não adianta chorar o leite derramado ou a falta do pato, ganso, seja lá que bicho for. O que sinto é que de quatro em quatro anos, nunca aprendo a lição: para quê investir tempo e dinheiro em copa do mundo? Mesmo quando o Brasil ganhou o penta ou o tetra, não fiquei nem um centavo mais rico muito menos mais sábio. Gritei "é campeão", mas, e daí? Depois voltei à vida normal do mesmo jeito que voltarei agora que a seleção fracassou. Quem sabe agora eu aprendo a ler mais a Bíblia, orar mais, gastar tempo com o que realmente importa? Pois isso é remir o tempo, porque os dias são maus.
É isso aí. Só Jesus mesmo nos faz vencer todas as copas da vida, não com um pódio de glórias humanas, mas com sua cruz, por meio da qual fez brilhar a glória do Pai que triunfa sobre o pecado e a injustiça. É isso aí, meu povo! Numa linguagem da recente Teologia da Jabulani, "bola pra frente"!

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